Vida Passada… – Visconde de Sapucaí – por Célio Meira

Nos fins do século XVIII, na cidade mineira de Sabará, onde há, ainda, na informação do erudito historiador Augusto de Lima Junior, raízes do povoado de Santo Antônio da Roça Grande, e onde viveu Borba Gato, nasceu Candido José de Araújo Viana, o futuro visconde de Sapucaí. Bacharelou-se em direito, aos 28 anos de idade, na famosa Universidade de Coimbra, e , regressando à pátria, ingressou na magistratura, exercendo uma promotoria de resíduos. Obteve, no ano da independência, conta um biógrafo, o juizado de sua terra natal, e , aos 30 anos, sentou-se na cadeira de desembargador, na Relação de Pernambuco. Exerceu, também, a desembargatória, na Baia e no Rio de Janeiro, onde encerrou, em 1843, sua brilhante carreira, na justiça.

Deputado à Constituinte de 1832, continuou a representar, por muitos anos, sua província, honrando-a , mais tarde, na Côrte, de uma poltrona do Senado. Governou a província das Alagoas, dirigindo, depois, os destinos do povo do Maranhão. Na terra maranhense, Araújo Viana, narra um historiador, fundou a biblioteca pública e extinguiu  os enterramentos nas igrejas. Não terminou, porém, sua administração. Os políticos agitadores, na época atribulada da Regência, informa Mas Fleiuss, expulsaram-no da presidência.

Dirigiu, Araújo Viana, em 32, a pasta da Justiça, e em1841, escreveu um biógrafo, a do Império. Teve a honra de ser professor do jovem Pedro, herdeiro da corôa, e princesas do Brasil. Acompanhou os imperadores, em 1859, ao nordeste do país. Em Pernambuco, na excursão que D. Pedro II fizera ao Monte das Tabocas, no município da Vitória, sofreu o visconde de Sapucaí, grave acidente. Uma porteira que se desprendera da mão  do coronel Ferraz, presidente da Câmara Municipal, apanhou, em cheio, o velho visconde de 66 anos de idade, jogando-o , ao solo, sem sentidos. Deus não consentiu, felizmente, que a morte o levasse, nas terras da antiga Vila de Santo Antão.

Homem de letras, historiador, o visconde de Sapucaí praticou o jornalismo e não foi indiferente às Musas. Contestou, nas colunas do “Correio Oficial” de 23 de setembro de 1833  “os serviços de José Bonifacio à causa da Independência nacional” . E na poesia lírica deixou as “Violetas”, quatro estrofes tristes, repassadas de aflição e de saudade pela morte da filha. Prestou, esse preclaro estadista da monarquia, relevantes serviços ao Instituto Histórico Brasileiro. Presidiu, durante trinta anos, a Casa do Brasil.

E morreu velhinho, no Rio de Janeiro, no dia 23 de janeiro 1875, aos 82 anos de idade. Foi um  Grande do Império. Pertence, seu nome, à galeria dos homens notáveis do Estado de Minas Gerais. E à nobreza de Sabará.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

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