Na formosíssima cidade do Recife, a mais formosa do norte do Brasil, nasceu Paulo de Arruda, a 25 de janeiro de 1873. Poeta e jornalista, ingressou, aos 16 anos de idade, na “Gazeta da Tarde”, diário recifense, fundado a 15 de setembro de 1888, por Abdísio de Vasconcelos, batalhando, cheio de mocidade e de fé, ao lado de Gonsalves Maia de França Pereira e de Gregório Junior. Desligado da Gazeta, fundou “ A Tarde”, a 1º de dezembro de 1892, escreve Alfredo de Carvalho, na companhia ilustre de Artúnio Vieira e de Ribeiro da Silva, o dramaturgo pernambucano, aplaudido ainda pelas plateias, freneticamente, nos primeiros anos deste século. Concluiu, no ano seguinte, narra Sebastião Galvão, no Ginásio Pernambucano, o curso de preparatórios, matriculando-se, aos 21 anos, na Faculdade de Direito de Recife. Não se bacharelou esse escritor pernambucano.
Fascinado, sempre, pela imprensa, que o absorveu, apresando-lhe a morte, apareceu, Paulo de Arruda, em 1894, nas colunas da “Revista Contemporânea”, na mesma trincheira em que França Pereira, Marcelino Cleto e Teotônio Freire desfraldaram a bandeira de combate. E quando, a 9 de março de 98, a morte arrebatou Carisio de Barros, da linha de frente dos lutadores, no “Jornal do Recife”, Paulo de Arruda, três dias depois, conta Alfredo de Carvalho, ocupou a cadeira do malogrado companheiro.
Nesse ano de 98, em julho, figurou, Paulo de Arruda, na mesma lista dos redatores do “Pequeno Jornal”, em que figuravam Hersilio de Sousa, Júlio e Alberto Falcão e Domingos Magarinos. E, um ano depois, no “Jornal Pequeno”, oficina amada de Tomé Gibson, curiosa figura de jornalismo e de político. Nessa tenda de sonhadores e de românticos, Paulo de Arruda encontrou a morte, em 1900, aos 27 anos de idade.
Organizada, em 1901, a Academia Pernambucana de Letras, Teotônio Freire, norte-riograndense, e que fizera, no Recife, sua formação intelectual, não se esqueceu do desventurado companheiro da “Revista Contemporânea”. Deu, num preito de admiração e de saudade, o nome de Paulo de Arruda, o poeta “Nelumbo”, à cadeira nº 19, em se senta, hoje, o vigoroso jornalista e intimorato tribuno João Barretos de Menezes, herdeiro universal da glória de Tobias.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.