Kátia Camarotti – por @historia_em_retalhos.

O ano era 1991.

Decidida a pôr fim à relação conjugal que mantinha com o cirurgião dentista José Fernando Gomes, a psicóloga Kátia Camarotti, à época, com 39 anos, entrara com uma ação de divórcio na justiça.

Neste mesmo período, mudou-se com os filhos para o Rio de Janeiro.

Em 31 de janeiro daquele ano, estava marcada a audiência do processo de divórcio.

Kátia, então, veio ao Recife, seguindo do aeroporto direto para a residência de sua irmã Tânia, na Av. Boa Viagem, um dos endereços mais nobres da capital pernambucana.

Não sabia ela o que aquele dia lhe reservava.

Inconformado com a separação, José Fernando seguiu a psicóloga desde o aeroporto.

Ao chegar no local, matou a ex-cunhada Tânia, que estava ali apenas para ajudar a irmã, com três disparos de arma de fogo.

Em seguida, tentou matar Kátia, com um tiro na nuca, deixando-a pentaplégica, sem qualquer movimento do pescoço para baixo.

Kátia passou a depender de aparelhos para respirar.

O seu filho, o hoje conceituado jornalista Gerson Camarotti, à época com apenas 17 anos, mobilizou a opinião pública exigindo a condenação de seu pai e iniciou uma campanha nacional para conseguir Cr$ 30 milhões necessários para prosseguir com a fisioterapia respiratória de sua mãe.

O objetivo era adquirir um respirador portátil e trazer para o Recife a equipe do fisioterapeuta Carlos Alberto Azeredo (o mesmo que cuidou de Irmã Dulce).

Paradoxalmente, o agressor José Fernando era considerado um dos melhores cirurgiões dentistas de Pernambuco, mas carregava consigo o perfil de um homem violento e machista.

Obteve um habeas corpus e respondeu ao processo em liberdade.

Todavia, no ano seguinte (1992), acabou morto por um desconhecido que o assassinou com quatro tiros em sua clínica.

Eu trago este caso de hoje em referência à campanha do AGOSTO LILÁS de combate ao feminicídio.

Que este duplo e bárbaro feminicídio (consumado e tentado) jamais caia no esquecimento.

Machismo mata.
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1 pensou em “Kátia Camarotti – por @historia_em_retalhos.

  1. A turma so condena o cidadão, e esquece que ele tbm foi assassinado.
    Quem mandou matar o dentista? A família da mulher que dizem ter afastado dele os próprios filhos?
    O pai do hj jornalista ajudou muitos alunos de odontologia a se formarem, foi um Grande profissional e ajudou muita gente.

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