Na antiga vila do Recife, em o último decênio do século XVIII, nasceu Francisco de Paulo Cavalcanti de Albuquerque. Inclinado à carreira gloriosa das armas, vestiu, aos 14 anos, a farda de soldado do exército da colônia. E sete anos depois, segundo as notas de Pereira da Costa, tinha, Francisco de Paula, o posto de 2º tenente. Casou-se, a esse tempo, com a prima Maria Joaquina Cavalcanti Salgado, da velha fidalguia. Em 1816, era 1º tenente de artilharia.
Quando se desencadeou a revolução republicana de 6 de março de 1817, Francisco de Paula, ardoroso, desejando um Brasil liberto, desembainhou a espada, e esteve, ao lado do pai, o bravo coronel Suassuna, nas linhas de frente dos rebeldes. Aniquilada a insurreição, ao peso das armas do marechal Cogominho e de Rodrigo Lobo, chefe naval, pagou, duramente, sua ousadia, esse intimorato recifense, nos tenebrosos cárceres da Baia. Voltou, em 1821, a Pernambuco, batalhando pela independência do Brasil.
Assumiu, na qualidade de vice-presidente, o governo da província natal, em 1826, na ausência de Mairinck da Silva Ferrão. Galgou, em 1827, o posto de tenente-coronel. Sentou-se, de novo, na cadeira da presidência, a 23 de fevereiro de 1932, substituindo Francisco Pais de Andrade. E três anos depois, ostentando os galões do coronelato, reformou-se no posto de brigadeiro. Encerrou, desse modo, sua brilhante carreira militar. Nomeado presidente do berço natal, assumiu o governo, em 1835, permanecendo, no poder, até 37, quando entregou ao Camargo. E esteve ainda, à frente as administração de Pernambuco, em maio de 1838, no impedimento de Francisco do Rêgo Barros, o eminente conde da Bôa-Vista.
Representou a terra de seu nascimento, escreve Pereira da Costa, na Assembleia provincial e na Câmara Geral, ocupando, aos 47 anos de idade, a cadeira vitalícia de senador do Império, e merecedor, meses depois, a honra de uma pasta de ministro.
Organizando, Antonio Carlos, a 24 de junho de 1840, o primeiro gabinete do segundo Império, entregou a pasta de guerra a esse eminente filho do Recife. Serviu, fielmente, na idade das reflexões, à Coroa bragantina, aquele que, vinte e três anos antes, na idade romântica das aventuras, tentou destruí-la.
Agraciou-o, no ano seguinte, o governo, com o título de barão de Suassuna, concedendo-lhe, mais tarde, a graça do viscondado. Em 1849, fatigado das lutas políticas, recolheu-se à vida tranquila, com o firme proposito de não voltar à arena dos combates. E durante trinta anos, pouco a pouco, se foi apagando a estrela de primeira grandeza de sua carreira política. Alheiou-se do mundo. Trancou-se na solidão de seu palacete do Pombal, na cidade do Recife, onde morreu, na madrugada de 28 de janeiro de 1880, aos 87 anos de idade.
Deu, o governo, o nome de Visconde de Suassuna, a uma das avenidas do Recife. Conservemo-lo. Honra, esse nome, a história de um povo.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.