Há 47 anos, o Jardim Zoológico de Brasília vivia apenas mais um dia normal de visitações.
O 2.° Sargento do Exército Sílvio Delmar Hollenbach passeava com a esposa e os seus quatro filhos para comemorar a aprovação no vestibular de agronomia da Universidade de Brasília.
Quando já estavam de saída, porém, o sargento ouviu gritos desesperados vindos do recinto das ariranhas.
O garoto Adílson Florêncio da Costa, de 13 anos, havia se desequilibrado e caído entre os animais.
Em um ato de profundo heroísmo, disse o sargento “tem gente lá dentro” e saiu correndo para salvar o garoto, atirando-se entre as ariranhas que atacavam o menino.
Foram minutos de intenso pavor.
O garoto acabou salvo por Hollenbach, já este último não teve a mesma sorte.
Ficou internado no Hospital das Forças Armadas por três dias e terminou não resistindo às mais de 100 mordidas dos animais, sucumbindo a uma infecção generalizada, aos 33 anos.
Três aspectos dessa tragédia:
– As ariranhas normalmente são animais dóceis, não costumam atacar humanos, mas, neste dia, elas se sentiram ameaçadas em seu território, dada a presença de filhotes que acabaram de ter.
– O jornalista Lourenço Diaferia, em crônica intitulada “Herói. Morto. Nós” elogiou o ato do sargento, afirmando que ele era o verdadeiro herói e não, por exemplo, o Duque de Caxias, patrono do Exército. Lourenço foi preso pelo regime militar devido à sua crônica, considerada ofensiva às Forças Armadas.
– O menino Adilson Florêncio da Costa, salvo pelo sargento, foi preso 39 anos depois, em 2016, pela Polícia Federal, sob a acusação de integrar um esquema que desviou R$ 90 milhões dos fundos de pensão Postalis e Petros.
Após a tragédia, em uma medida acertada, o Zoológico de Brasília passou a chamar-se “Sgt. Sílvio Delmar Hollenbach”, em homenagem ao sargento-herói.
Há, também, um monumento no local.
No Recife, também há uma rua em homenagem ao sargento, no bairro da Imbiribeira.
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