Durante mais de uma década o escritor português Eça de Queiroz (1845-1900) foi o mais lido no Brasil, rivalizando com Machado de Assis. Eça está entre os deuses do Olimpo da língua portuguesa. Machado é visto como o patrono da literatura brasileira.Neste país, no século 19, a paixão por Eça de Queiroz deu origem a um neologismo criado por Monteiro Lobato: “Ecite”, que designa um sentimento de fascínio e simpatia pela “escrita eciana”.
No Recife, pode ser vista a única Praça, no Brasil, com o nome de Eça de Queiroz (Bairro da Madalena). Nesta capital, o autor do “Crime do Padre Amaro” inspirou os famosos Jantares Ecianos (1988), que se transformariam na Sociedade Eça de Queiroz, marcando época na vida cultural da cidade. Para cada jantar temático era escolhido um cardápio especial inspirado na obra de ficção de Eça. Foram grandes inspiradores do movimento os escritores Paulo Cavalcanti e Dagoberto Carvalho Júnior.
Tornaram-se referências as obras desses autores sobre as relações de Eça de Queiroz com o Brasil. A notícia de que “aquele pobre homem de Póvoa de Varzim”, chegará ao Panteão Nacional de Portugal, em dezembro, instituição que acolhe e homenageia as pessoas mais importantes da história daquele país, motivou a ideia de reunir em jantar eciano, por adesão, os leitores pernambucanos do escritor português. O evento se dará no restaurante Adega (Clube Português), no próximo dia 05 de dezembro, às 20 horas. Na oportunidade, o escritor e fundador da Sociedade Eça de Queiroz, Dagoberto de Carvalho Júnior, conhecido no mundo lusófono por suas pesquisas sobre a vida e a obra de Eça de Queiroz, será homenageado.A culminância da noite lítero-gastronômica se dará com um pronunciamento do poeta, ensaísta e professor José Rodrigues de Paiva (UFPE) sobre o trabalho de Dagoberto no Movimento confrádico queirosiano do Recife e o espírito universalista de Eça de Queiroz.
Dagoberto de Carvalho é autor de “Eça de Queiroz – Retratos de Memória e A Cidadela do Espírito – considerações sobre a Arte Sacra em Eça de Queiroz”, “Da boa mesa com Eça de Queiroz”. Os sabores da mesa de Eça de Queiroz, narrados na sua obra de ficção, ganham nos livros de Dagoberto conhecimento e encantamento. Foi no Diario de Pernambuco que o movimento eciano nesta cidade teve, desde o começo, uma pauta notável de colaboração e parceria.
O tema começou a evidenciar-se na década de oitenta do século passado, em Lisboa. Foram pioneiros da confraria no Recife: Paulo Cavalcanti e Ofélia Cavalcanti, Dagoberto de Carvalho e Cristina Carvalho, José Rodrigues de Paiva e Arlene Paiva, Mauro e Marly Mota, Gladstone Vieira Belo e Ana Lúcia, Zuleide Duarte, Jordão Emerenciano, Fernando Freyre e Cristina, Silvio Neves Baptista, Magnólia Cavalcanti, Alfredo Xavier Pinto Coelho Affonso, Lucila Nogueira, José Quidute, Maria de Lourdes Hortas, Lourdes Sarmento, Ângela Lins, Jorge Peixoto, Lucia Nery da Fonseca, João Bosco, Pelópidas Silveira, Hélio Coutinho, Silvio Pessoa, Esmeralda Camacho, Laura Areias, Joel Pontes, Marco Aurélio de Alcântara.
Marcus Prado – jornalista.