Há 51 anos, São Paulo assistia ao 3.° incêndio mais mortal da história do país: a terrível tragédia do Edifício Joelma.
Foram 187 mortos e mais de 300 feridos.
Em número de mortos, o incêndio do Joelma fica atrás apenas das catástrofes do Gran Circus Norte-Americano em Niterói/RJ (503) – veja no nosso retalho – e da Boate Kiss em Santa Maria/RS (242).
Tudo começou com um curto-circuito em um ar-condicionado no 12.º andar, que se alastrou por materiais inflamáveis, como cortinas e carpetes.
Naquela época, o Joelma era considerado um marco arquitetônico da cidade e abrigava diversos escritórios.
Durante mais de 3 horas, o fogo destruiu 14 pavimentos.
Com o acesso pelas estreitas escadarias impossibilitado, os bombeiros tentaram fazer o resgate por helicópteros, mas havia enorme dificuldade de pousar no topo, porque este era coberto com telhas de amianto e não havia heliponto.
Mais de 60 pessoas que fugiram para o terraço morreram carbonizadas.
Era muito desesperadora a situação, visto que o calor durante um incêndio pode superar os 900° e, nessa temperatura, um corpo fica totalmente destruído, restando no máximo um quilo e meio de cinzas.
Se a água dos bombeiros chegar até lá, pode transformar tudo em lama, impossibilitando completamente o reconhecimento.
Desesperadas, várias pessoas tentavam se salvar pulando das janelas.
13 vítimas tentaram escapar por um elevador, mas o equipamento parou e todas morreram ali mesmo.
Seus corpos, não identificados, foram enterrados lado a lado no Cemitério São Pedro (foto).
O fato acabaria sendo inspiração para o chamado “Mistério das Treze Almas”, às quais são atribuídos diversos milagres até hoje.
Como único saldo positivo, a tragédia do Joelma trouxe à tona o debate sobre a importância da prevenção a incêndios, provocando a criação de uma regulamentação de segurança no Brasil.
Depois do Joelma, as coisas começaram a mudar.
Dedico este retalho de hoje à memória de meu irmão Ricardo da Costa Soares, engenheiro de segurança do trabalho que dedicou a sua vida profissional ao estudo e à difusão de sistemas de prevenção e combate a incêndios.
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