Em 12 de fevereiro de 2005, era covardemente assassinada em Anapu, no Pará, a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang.
Irmã Dorothy, como era conhecida, chegou ao Brasil em 1966 e, na década de 1970, migrou para a região do Xingu, na Amazônia, no momento em que era inaugurada a rodovia Transamazônica.
A pergunta mais importante:
Por que Irmã Dorothy tornou-se um símbolo da luta por terras e do respeito à floresta no Brasil?
Em resumo, todo o conflito começou a partir do momento em que o governo militar passou a distribuir terras públicas às margens da recém-inaugurada Transamazônica.
Na região de Anapu, o governo privilegiou fazendeiros e empresários do setor de madeira.
Estes deveriam manter as terras públicas produtivas em troca do documento de posse.
A maioria, porém, extraiu os recursos naturais dessas terras e depois as repassou para terceiros ou simplesmente as abandonou.
Neste cenário, pequenos agricultores passaram a reivindicar terras na região.
Foi aí que, em 1997, Dorothy Stang decidiu organizá-los em assentamentos para que conseguissem obter a posse dessas áreas.
A franzina missionária foi uma das primeiras pessoas a defender publicamente no Brasil que as terras públicas deveriam ser destinadas à reforma agrária.
No seu modelo (Projeto de Desenvolvimento Sustentável), cada família teria direito a 20 hectares de terra e o resto do território seria destinado ao uso coletivo, desde que a mata permanecesse preservada.
Em 2002, o governo federal criou oficialmente dois assentamentos (PDS’s) baseados no modelo de Dorothy, o Esperança e o Virola-Jatobá, o que despertou a ira de madeireiros e pecuaristas.
Em 12 de fevereiro de 2005, aos 73 anos, a missionária foi vítima de uma emboscada, levando seis tiros em uma estrada de terra.
Cinco acusados pelo crime foram condenados.
De lá para cá, segundo a Comissão Pastoral da Terra, outras 22 pessoas foram mortas em Anapu por conta da luta pelo direito à terra.
Dorothy Stang tornou-se um marco na luta ambiental no Brasil.
O seu legado de luta e justiça pela terra aos pequenos agricultores permanece vivo até hoje.
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