Carlos Alexandre Azevedo – por @historia_em_retalhos.

Este é Carlos Alexandre Azevedo, o prisioneiro político mais jovem a ter sofrido tortura física durante a ditadura militar no Brasil.

Prepare o seu estômago.

Carlos tinha apenas 1 ano e 8 meses quando foi trancafiado na sede do DEOPS, em São Paulo.

Seus pais, o jornalista e cientista político Dermi Azevedo (foto inferior) e a pedagoga Darcy Azevedo, eram acusados pelo regime de dar guarida a militantes de esquerda ligados à ala progressista da Igreja Católica.

O bebê foi capturado no dia 15 de janeiro de 1974, quando estava sob os cuidados de uma babá.

O seu pai já estava preso desde a madrugada do dia 14, quando a equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury chegou à casa em que a sua mãe estava abrigada, em São Bernardo do Campo, levando o bebê.

Os policiais derrubaram a porta e um deles, irritado com o choro do menino, que ainda não havia sido alimentado, atirou-o ao chão, provocando ferimentos em sua cabeça.

No DEOPS, Carlos ficou nas mãos do torturador Sérgio Fleury.

Foi torturado com pancadas e choques elétricos na frente da mãe, para fazê-la falar, passando mais de quinze horas sofrendo as sevícias da tortura.

Ainda menino, sofria alucinações nas quais ouvia o som dos trens que trafegavam na linha ferroviária atrás da sede do DEOPS, onde foi torturado.

O trauma trazido da infância deixou sequelas psicológicas que ele carregou pelo resto da sua vida.

Em 2010, o Estado finalmente o reconheceu como uma vítima da ditadura.

Na época, em entrevista à revista IstoÉ, ele revelou sofrer de depressão e de fobia social crônica, que trazia desde a infância.

Preso aos antidepressivos e antipsicóticos, o mais jovem torturado do Brasil vivia recluso, sem amigos, nem emprego.

Atordoado e sem prumo, suicidou-se em 2013, aos 40 anos de idade.

Ditadura mata.

E não pense que isso não seria problema seu porque acontecia apenas com “pessoas de esquerda”.

Muitas pessoas eram torturadas para dar informações sobre alguém que eventualmente conheceu, mesmo não tendo nenhuma atuação política.

A quem interessar, recomendo o livro “Travessias torturadas”, de Dermi Azevedo.

Um bom sábado, gente.

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