Cabelo preto, eu sei porque nasceste escuro.
e por saber quem és, recuso o teu frescor.
– Ventania que vem trazendo um aroma puro,
P’ra se tornar, mais tarde, em tempestade e horror.
Cabelo, eu sei… e por saber eu juro:
este sorriso, em ti, é um prenúncio de dor.
O teu canto de agora é a mágua do futuro,
e a mentira nasceu, quando nasceu tua cor.
És bem a tela negra, ó retinta cabeça,
onde o tempo, a cismar, com tinta branca e espessa,
um poema de dor e de saudade escreve…
…uma noite que passou. Amanhecendo, agora,
a cabeleira branca é o orvalho da aurora,
alvorada sem sol… carregada de neve…
(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 8).