Recentemente li um artigo que tinha como título um tom provocativo (na minha visão). Dizia ele: “Como o carro “limpou” as cidades”. Em tempos de caos no trânsito, sobretudo nas grandes metrópoles, e efeitos nocivos à saúde, em virtude dos gases produzidos por essas máquinas, cada dia mais possantes, além de inúmeras outras complicações pertinentes ao uso excessivo dessa “maravilha moderna”, hoje, a mobilidade urbana é um dos temas mais importantes no seio da sociedade, principalmente quando pensamos em futuro.
Pois bem, segundo o artigo, muito bem escrito por Pierre Lucena, foi justamente nos problemas causados pelo alto volume de excrementos dos cavalos – enquanto força motriz no meio de transporte mais importante das grandes cidades ( carroças e carruagem) que a introdução do carro, na ordem do dia, que limpou as cidades.
Para entendermos melhor esse conflito, por assim dizer, devemos voltar ao final do século XIX. Basta dizer que só Nova York era possível encontrar algo em torno de 200 mil cavalos circulando diariamente pelas ruas da cidade. Olhando direitinho, já começamos achar que o nosso calvário já não é tão ruim assim……
Na nossa Vitória de Santo Antão, segundo registro do Manoel de Holanda, o primeiro desfile de um automóvel pelas sinuosas ruas santonenses só aconteceu no final da primeira década do século XX. Segundo os relatos, a cidade inteira parou por conta do “espetáculo”. Até então a esmagadora maioria da cidade nunca antes havia visto um “bicho daquele”.
Com efeito, hoje, nossa polis, nessa matéria (mobilidade urbana) ainda continua sem produzir um planejamento consistente para enfrentar as demandas que há muito são urgentes. Pode nos parecer absurdo, mas, imagino que o maior desafio dos gestores da nossa cidade ainda é, simplesmente, fazer o dever de casa. Ou seja: discutir e planejar. Concluo dizendo: ao que parece, “tudo continua como dantes no quartel de Abrantes !!”