Branca de Neve, Branca de Neve,
roseiral branco, cheio de espinho,
na minha história passaste breve,
mas perfumaste, bem, meu caminho…
Branca de Neve, por que partiste?
Ai! nem te digo, que ingratidão!
Nessa carícia também feriste…
magoastes tanto meu coração!…
Branca de Neve, indo-te embora,
no isolamento, com a dor, me tranco.
Deste-me a vida. Mate-me, agora,
Branca de Neve, veneno Branco!
Branca de Neve, cegonha triste,
tanto cismaste, tanto cismaste,
que de minha vida tu sumiste
na correnteza. Não mais voltaste.
És o motivo dos meus arquejos.
Por que levaste meu riso franco?
Branca de Neve, visão de beijos,
que é de minh’alma, pecado branco?
Mas, se voltares, sonho de arminho,
que me esmagaste, mesmo tão leve,
dentro da morte, direi baixinho,
ainda sorrindo: Branca de Neve!…
(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 10 e 11).