A castanha é um mimo da natureza que mais se acumplicia com a nossa infância, o seu sumo, o seu aroma, o seu formato, o seu sabor, sua fumaça quando explode no fogaréu.
O caju também. Caju vermelhinho, amarelinho, rechonchudo e de delicada protuberância, que nem peito de moça desabrochando.
Em meus devaneios poético-sofístico-dramáticos, quando mastigo castanha assada, é como se mastigasse quintais ou inalasse a década de 60. Assim como sinto uma sensação de funeral quando polvilho orégano e associo quiabo a seis horas da noite. Sou um fuxiqueiro de minhas sinestesias poéticas.
Fundo de quintal foi tudo na minha infância. Era o meu paraíso. A ventania, o alvoroço das árvores, o cricrilar dos grilos em sintonia com o tremeluzir das estrelas. O cheiro de perfume e cigarro que escalava a ladeira do cabaré lá embaixo. Reunião de gatos, o desfile das galinhas… Fundo de quintal foi a minha primeira aula de leitura do mundo.
Sosígenes Bittencourt