A história também cumpre esse papel. Ou seja: dizer que nem tudo que se propaga como algo novo é tão novo assim! Nos meus arquivos, que remonta o tempo pretérito dos antonenses, encontrei um anuncio interessante e que nos provoca às chamadas “reflexões interdisciplinares”. Diz o anuncio:
“Antonio Medeiros Paiva faz ciente ao público de que, todas as quartas-feiras, às duas horas da tarde, fará sair desta cidade para o Recife um carro que voltará no sábado, às mesmas horas, para esta cidade. O preço da passagem, ida e volta, é 14$000; ida ou somente volta, é 7$000. Tratar no seu hotel, nesta cidade” – Jornal Correio de Santo Antão, 16. 12. 1871)”.
Detalhes do anúncio:
A palavra “carro”, aludida no referido texto, leia-se “carruagem puxada por cavalos”. Até porque, o primeiro automóvel que veio circular pelas terras da recém-criada cidade da Vitória – elevada de vila à categoria de cidade em 1843 – só veio ocorrer 39 anos mais tarde, em dezembro 1910.
Outra coisa: à época, 1871, completava-se cinco anos da circulação do primeiro jornal da nossa cidade, “ O Vitoriense”, publicado em 05 de novembro de 1866.
Para o contexto do recorte temporal realçado, imaginemos, contudo, que o negócio do senhor Antonio Medeiros Paiva, 15 anos após esse anuncio, deve ter entrado numa profunda crise. Isso porque, em 09 de janeiro de 1886, começava operar para o Recife o moderno sistema de trem da Vitória.
Portanto, amigo internauta, esse negócio de “carro” compartilhado no nosso torrão não é algo assim tão novo, como se alardeia por aí…..Mudanças nas estruturas comercias, crises em alguns setores e o surgimento de novos negócios, idem…..