Se você se casa para fazer o outro feliz, você ama; quando você se casa para o outro fazer você feliz, você está apaixonado. A paixão é cega e egoísta. Você vê no outro o que o outro não é e exige o que ele não pode dar. Daí, você se torna escravo de um sentimento que pode levá-lo a grande sofrimento. Paixão é para quem tem juízo. O amor começa numa grande amizade, e a paixão termina numa grande separação.
Paixão é para quem impõe limites. Paixão sem rédea é trem descarrilhado. O limite preserva a paixão, o descomedimento (segundo os gregos: a HYBRIS) obriga à desistência ou provoca rejeição. Difícil é domá-la, já que o apaixonado é PASSIVO na relação. O apaixonado é um PACIENTE, não é ele que apaixona, é ele que se apaixona.
O psiquiatra Rubens Coura diz que “Paixão é doença e merece tratamento”. Já o teatrólogo Nelson Rodrigues dizia que “Sem paixão, não dá nem pra chupar picolé”. E um Autor Desconhecido disse que “Amor sem paixão é triste. Paixão sem amor é horrível.”
Penso que o homem é carente de explicação, e não saber o que está acontecendo consigo mesmo é sempre um inferno interior. Não sei se serviria a advertência da entrada do templo de Delfos que inspirou o filósofo Sócrates: CONHECE-TE A TI MESMO.
Sosígenes Bittencourt