À Cléa, adorada esposa.
Ave que parte, gorjeiante e amiga,
por estes céus de lívidos luares,
aonde hei de ouvir os teus cantares?
Aonde tu’alma lírica se abriga?
Aonde ouvirei a rústica cantiga,
que outrora ouvi aos sórdidos pesares,
aonde tu vás, tu queres que eu te siga,
por outras piagas, em estranhos ares?
Não parte, ave, aqui é doce a vida!
A brisa é fresca e é mais quente o ninho,
A mataria é verde e mais florida!
Mas, se partires, aonde quer que fores,
saibas que em mim atravessou-se um espinho,
porque contigo foram os meus amores!
Manoel Dilson Lira da Silva.