A semana que antecede o sábado de Zé Pereira e os ânimos de um país inteiro é tomado de euforia. Cada região com suas particularidades e para nós, aqui, num pequeno pedaço de meu Deus, na zona da mata do estado, só estaríamos aguardando ansiosamente a concentração do maior bloco da cidade, o Bloco ETsão e ETsuda, que sai, religiosamente há 40 anos (Ou saía).
Dona Maria da venda, já preparada para a alegria contagiante e irreverente que toma conta da vizinhança e da cidade como um todo, prepara seu estoque de comidas e bebidas para faturar um “tutu” mais gordinho no início do ano e Seu Zé, marido de Dona Maria, apanha o filho Juninho para vender como ambulantes no meio do furdunço da muvuca e assim triplicar o “tutu” da família, que aproveita a folia e faz da folia, um ganha pão.
É claro que estamos falando de uma época em que a pandemia do COVID-19 poderia facilmente ser considerada coisa de filme de Hollywood, uma completa distopia, pois fosse onde fosse, sempre existiria uma Dona Maria e um Seu Zé, brincando e ao mesmo tempo, compondo uma cena comum de nossos carnavais.
Ao mesmo tempo, músicos, artistas plásticos, fotógrafos e toda a cadeia artística-cultural entusiasmados, esperam um ano para se meter na brincadeira e mostrar seus devidos trabalhos, querendo “esquecer tudo” quando cair no frevo, para quando no melhor da festa, chegar a quarta-feira e a cidade começar a voltar “ao normal”.
Só que esse é o segundo ano sem carnaval, sem multidões, sem aglomerações e acima de tudo, sem representações artísticas; os tambores e os clarins estão todos silenciados, esperando o grande dia, do dia em que possamos curtir mais uma vez, os carnavais como era de costume, com muita música, muitas cores, a massa, as fantasias, o percurso, as troças tocando incansavelmente caindo na folia junto com o casal iluminado do espaço sideral.
Puxado por duas orquestras, a Orquestra Ciclone e a Orquestra Venenosa, junto com um carro pipa cheio de batida de caju e uma multidão colorida e alegre, desfila pelas ruas da cidade os bonecos do bloco ETsão e ETsuda, onde a alegria contagia tanto que atravessa fronteiras interplanetárias; só quem curtiu o bloco ETsão e ETsuda sabe bem do que estou falando. (Risos) As fantasias colorindo as ruas, as orquestras rufando, a concentração no bairro do Livramento, pitu cola na cabeça, os pinguços de plantão, assim é montado o cenário daquele que é o bloco mais democrático e colorido da cidade, e que falta que nos faz. :’(
Mas a realidade é outra; pandemia, distanciamento social, silencio e saudade, saudade essa que em um belo dia, eu, Henry França, bebendo socialmente com alguns amigos e escutando música, onde cada um poderia escolher uma música por vez, e para surpreender a todos, fui lá procurar o hino do bloco ETsão e ETsuda e para minha frustração, não encontrei, então a parti daquele dia eu decidi, vou gravar e colocar o hino do bloco nas plataformas digitais para a posterioridade.
Então graças aos recursos da Lei Aldir Blanc Municipal “Prêmio Multicultural das Tabocas”, eu anuncio a todos que, a partir de agora poderemos tocar o hino em todas as plataformas digitais de streaming de música (Spotify, Deezer, Instagram, TikTok) e que ainda teremos um videoclipe em homenagem ao bloco ETsão e ETsuda que será disponibilizado em breve em meu canal do YouTube.