Passado o primeiro momento do encontro do eleitor com a urna, agora, é tempo de recompor as estratégias. Às campanhas majoritárias que ainda estão no front, visando o embate final, seguem trabalhando firme, no ataque e na defesa. Eleição em segundo turno, dizem os entendidos, “é outra eleição”.
Cidade com tradição política, Vitória de Santo Antão, conseguiu manter sua representação na ALEPE – Assembleia Legislativa do Estado. Reelegeram-se os nossos três deputados estaduais e ainda enviamos, após várias décadas de orfandade, uma representação para Brasília, no caso em tela, a deputada federal Iza Arruda.
Antes, porém, devemos jogar um feixe deluz no pífio resultado obtido no nosso colégio eleitoral pelo postulante ao governo, Danilo Cabral – o candidato do governador Paulo Câmara. Os 7.202 votos por ele, aqui, alcançados – que correspondem a 10,10% dos votos válidos – é a prova inequívoca que os três tradicionais grupos políticos locais – todos vinculados ao Palácio e com benefícios pessoais – protagonizaram uma das maiores covardia política já registrada em nossa terra.
Pois bem, nesse momento, focando apenas na reeleição dos três deputados – Joaquim Lira, Aglailson Victor e Henrique Queiroz Filho – podemos dizer que os mesmos conseguiram alcançar suas respectivas metas eleitorais (eleger-se), contudo, politicamente e eleitoralmente falando, suas excelências não se saíram tão bem assim.
Num primeiro plano político, por assim dizer, seus respectivos partidos foram “jogados” no campo oposicionista – lembremos que nenhum dos três, até então, havia feito parte desse time (oposição) em nível estadual.
O deputado Joaquim Lira, por exemplo, exercerá o seu novo mandato, a partir de 2023, sem um partido para chamar de seu, ou seja: atualmente integra a bancada do PV (Partido Verde), mas que será, na prática, comandado pela turma do PT e do PCdoB, em função da federação à qual está inserido.
Joaquim Lira, por exemplo, a qualquer momento, poderá ser intimado a vestir o boné vermelho dos “Sem-Terra” e defender invasões às propriedades rurais privadas.
Com relação ao resultado da sua primeira disputa (2014), o deputado Joaquim Lira vem perdendo musculatura eleitoral (nominal e proporcional), tanto no estado quando no seu principal reduto político – Vitória de Santo Antão. Vejamos:
2014 – 67.584 votos no estado (1,74%) – 27.701 votos em Vitória (39,42%).
2018 – 56.584 votos no estado (1,25%) – 14.333 votos em Vitória (21,48%).
2022 – 48.293 votos no estado (0,96%) – 13.968 votos em Vitória (19,16%).
Lembremos que na sua primeira eleição (2014) o seu pai, Elias Lira, então prefeito da cidade, segundo relatos, azeitou a “máquina pública” para moer em seu favor. Vale lembrar, também, que logo após o pleito (2014) a “vassoura da ingratidão” varreu parte significativa dos cargos comissionados da prefeitura. No pleito seguinte (2018), sua votação no estado encolheu e na cidade da Vitória despencou. Em 2022, mesmo tendo sua campanha “colada” ao prefeito Paulo Roberto não conseguiu fazer crescer sua votação em Vitória, muito menos no estado.
Já o atual desempenho eleitoral do deputado Aglalilson Victor, comparando os números das duas disputas (2018/2022), observamos que o mesmo não foi tão impactado em nível estadual, com a perda do comando da prefeitura local. Mas em relação à votação na Vitória, tal qual o Joaquim (2014/2018), também teve seus sufrágios reduzidos drasticamente. Ou seja: ter um pai, na qualidade de principal cabo eleitoral, sentado na cadeira de prefeito, não faz mal a ninguém….. Vejamos:
2018 – 64.763 votos no estado (1,44%) – 14.694 votos em Vitória (22,02%).
2022 – 64.714 votos no estado (1,29%) – 8.779 votos em Vitória (12,04%).
Realcemos que a operação “pula-pula” de última hora dos “Querálvares” não lhes renderam a visibilidade esperada. Antes, prestigiado pela cúpula do PSB, o deputado Victor chegou ao cargo de vice-presidente da Assembleia, doravante, após esse “desvio” partidário, o mesmo, possivelmente, será tratado no seu próprio partido como uma espécie de produto avariado.
Dos três deputados da nossa terra, reeleitos em 2022, o único que somou mais sufrágios no estado – em números reais e proporcionais – foi o deputado Henrique Queiroz Filho.
No entanto, mesmo com o reforço na cidade da boa atuação do vereador Carlos Henrique (seu irmão) ele amargou uma queda em torno de 30% da sua votação na sua cidade (Vitória), caindo para o 5º lugar no ranking local. Segue os números:
2018 – 35.672 votos no estado (0,79%) – 5.209 votos em Vitória (7,81).
2022 – 43.822 votos no estado (0,87%) – 3.683 votos em Vitória (5,05%).
No quesito “composição partidária estadual” o partido ao qual o deputado Henrique Queiroz Filho pertence (Partido Progressista), em relação aos demais deputados locais, certamente terá mais mobilidade na próxima legislatura, tanto na composição da Casa (Assembleia) quanto no relacionamento com o Palácio, independente da governadora que vier a ser eleita no próximo dia 30 de outubro.
Para concluir essas linhas, em que fizemos uma abreviada leitura dos últimos resultados eleitorais, relacionada aos três deputados da Vitória, reeleitos, podemos dizer que em política o futuro sempre será um grande mistério, até porque, como sabemos, suas excelências são animais dotados de uma metamorfose própria e com um raro poder de transformação, tanto na fala quanto nas atitudes, no que se refere ao instinto de sobrevivência política.
Portanto, fica-nos a impressão que aquele sentimento que já ganhou corpo na sociedade antonense e verbaliza-se na frase que diz “que temos três deputados e é mesmo que não ter nenhum”, na prática, começa materializar-se nas urnas, ou seja: na expressão real do eleitor – todos obtiveram menos votos na sua própria cidade.
Mas adiante, em outra ocasião, falaremos dos candidatos a deputado estadual da nossa cidade que não lograram êxito eleitoral.