Ídolo do Atlético Mineiro, o craque Reinaldo sempre comemorava os seus gols de braços erguidos e punhos cerrados, reproduzindo o gesto do movimento Panteras Negras, que lutava contra o racismo nos EUA.
O ato incomodava a ditadura militar brasileira.
Convocado para a Copa de 1978, aos 21 anos, o atacante foi explicitamente “recomendado” a não fazer o gesto durante a competição.
Antes do embarque para a Argentina, o general Ernesto Geisel reuniu-se com os jogadores e a comissão técnica.
Ao ver Reinaldo, o ameaçou em tom imperativo: “quem cuida da política é a gente, você cuida de jogar futebol”.
Naquela copa, a Argentina estava mergulhada em uma sangrenta ditadura e toda a seleção brasileira era comandada por militares, desde o técnico, Cláudio Coutinho, até o presidente da CBD, Heleno Nunes.
Mas o Rei tinha uma personalidade forte e não costumava curvar-se ao autoritarismo.
No dia 03 de junho, o Brasil estreava na competição contra a Suécia.
A seleção saiu perdendo, mas, com um gol de Reinaldo, empatou a partida.
Após um breve momento de hesitação, não teve jeito: Reinaldo repetiu o gesto e ergueu o punho cerrado (foto).
O camisa 9 protagonizava um ato de resistência política em pleno solo argentino, em uma ditadura que matara milhares de pessoas, não seguindo a “recomendação” que recebera no Brasil.
Por sua altivez, Reinaldo pagou um preço alto.
Sem explicações, foi sacado do time e não voltou mais, sendo substituído por Roberto Dinamite.
Anos mais tarde, revelou que recebera durante aquela copa um envelope com informações sobre a Operação Condor, uma aliança entre ditaduras sul-americanas para perseguir opositores.
Atônito e sem reação, entregou o documento ao amigo Gonzaguinha, assim que retornou ao Brasil.
A perseguição ao craque foi impiedosa.
Passou a sofrer todos os tipos de ataques e linchamentos morais, inclusive, quanto à sua sexualidade.
Quatro anos mais tarde, Telê Santana não o levou para a Copa de 82.
O Rei terminou a carreira, precocemente, aos 29 anos.
Uma coisa, porém, é certa: jamais conseguiram calá-lo.
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