Jorge Luiz Souza Lima, o Jorge Lafond, foi um comediante e bailarino brasileiro, com estilo próprio, talento e muita presença de palco.
Preto, pobre e homossexual, Jorge precisou aprender cedo a enfrentar as barreiras do preconceito.
Aos 6 anos, já tinha a consciência de que era homossexual, escondendo dos pais essa condição.
Movido pelo sonho, estudou balé clássico e, depois, teatro na UERJ.
Foi como bailarino que o artista começou a engrenar na sua carreira.
Fez parte do corpo de bailarinos do Fantástico, para, depois, estourar no Jô Soares, nos Trapalhões e A Praça é Nossa.
Seu personagem principal era quase uma caricatura de si mesmo: Vera Verão.
Consolidado e com o trabalho reconhecido, Jorge talvez já não esperasse sentir de forma tão forte o impacto da indiferença e da crueldade das pessoas.
Mas isso aconteceu e foi no programa Domingo Legal, de Gugu Liberato.
No dia 10.11.2002, Lafond participava de uma competição integrando o time feminino.
Como de costume, a competição seria interrompida para dar lugar a uma atração musical e seria retomada depois.
Era normal que as equipes permanecessem no palco e até dançassem ao lado do convidado.
Porém, o convidado do dia, o padre Marcelo Rossi, fez uma exigência inusitada, com a conivência de Gugu Liberato: Lafond teria que ser retirado do palco.
Supostamente, o padre não queria estar no mesmo ambiente do comediante.
Sem reação, Lafond recebeu a orientação para retirar-se, enquanto o religioso apresentava-se.
Assim que o padre saiu, a produção tentou convencê-lo a retornar, mas ele não quis.
Já não dava mais.
Humilhado, voltou pra casa.
O impacto foi muito grande, porque, além de tudo, ele era admirador do padre.
Coincidência ou não, uma semana depois, ele foi internado com complicações cardíacas.
Em 11.01.2003, após o agravamento do quadro, o comediante morreu, aos 50 anos, vítima de um infarto.
Nunca se saberá, ao certo, o grau de relação entre essa atitude do religioso e a morte de Lafond.
Porém, uma coisa é certa: mesmo que causada por outras razões, a sua morte foi, no mínimo, precipitada pelo preconceito.
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