Há exatos 21 anos, em 17 de julho de 2002, morria o líder indígena e político brasileiro Mário Juruna, o primeiro deputado federal indígena da história do Brasil.
Juruna assumiu o cargo de deputado federal em 1983, pelo Partido Democrático Brasileiro (PDT), mas a sua caminhada política começou bem antes.
Na década de 1970, já cacique da aldeia Namunjurá, em Barra do Garça (MT), ia a Brasília para cobrar mais atenção do governo brasileiro às pautas dos povos originários.
A presença dele em gabinetes políticos não chamava a atenção apenas por ser o único indígena a transitar por aquelas bandas, mas também por estar sempre a postos com um equipamento em mãos: um gravador (foto).
Juruna dizia não confiar na palavra do homem branco, que, a seu ver, “mentia muito”, e por isso gravava todas as conversas que mantinha com representantes do governo, para depois cobrar e também para divulgar à imprensa as promessas feitas e não cumpridas.
Mas não foi só isso.
O lendário gravador de Juruna também registrou ameaças feitas diretamente a ele e aos povos originários do Brasil.
Com a divulgação desses conteúdos, o cacique denunciava mentiras, violações de direitos humanos e o descaso do governo para com o povo indígena em plena ditadura militar.
Em agosto de 1982, ligou para Brizola, líder do PDT, para expor a sua vontade de concorrer a um cargo de deputado federal nas eleições daquele ano.
Foi eleito com 30 mil votos, tornando-se o primeiro indígena a ocupar um cargo legislativo federal, em 1983.
Durante o seu mandato, criou a Comissão Permanente do Índio, um embrião do que se tornaria a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
Também foi o responsável por organizar o primeiro Encontro de Lideranças dos Povos Indígenas do Brasil, com a presença de 644 caciques.
Em 2002, Mário Juruna morreu, aos 58 anos, vítima de complicações de diabetes crônica.
O seu legado, porém, continua vivo.
Em 2020, a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) contabilizou 236 candidaturas, o maior número já registrado.
Todo o reconhecimento a este grande precursor da causa indígena na política brasileira.
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