Quem vê esse sorriso largo no rosto não imagina a história por trás deste angolano lutador, naturalizado brasileiro.
Edgardo imigrou para o Brasil na condição de refugiado no ano de 1989.
Àquela época, Angola vivia o horror de uma sangrenta guerra civil.
Tão logo se tornou independente de Portugal, em 1975, o país mergulhou em uma luta fraticida entre dois ex-movimentos de guerrilha anticolonial: o MPLA, apoiado pela antiga União Soviética, e a UNITA, apoiada pelos EUA.
Esta guerra interna teve um custo altíssimo, com milhares de mortos e mutilados, destruições de vulto nas cidades e o comprometimento grave da infraestrutura do país (estradas, pontes, aeroportos etc).
Antes de completar 11 anos, Edgardo vivenciou a maior tragédia da sua vida: assistiu à morte da própria mãe, alvo de um bombardeio praticado pela UNITA, no local onde moravam.
Dona Isabel, sua mãe, foi atingida pelos estilhaços de uma bomba que a feriram letalmente nas regiões da cabeça e do peito.
O aspecto mais doloroso: sair de casa naquelas circunstâncias de guerra para buscar socorro significaria a morte dos demais integrantes da família, de sorte que a própria dona Isabel pediu aos familiares que apenas se mantivessem ao seu redor, rezando, enquanto desfalecia aos poucos.
Toda guerra é insana e este dia mudou radicalmente a vida de Edgardo.
Indefeso, órfão da mãe, afastado do pai e em um país banhado de sangue, a sua vida parecia fadada ao mesmo fim das demais crianças angolanas: ser forçado a incorporar-se às guerrilhas ou morrer.
Três anjos, todavia, entraram em seu caminho, trazendo-o para o Brasil: os tios Teodoro e Amélia Chitunda (foto) e a freira Frances.
Esta última fez contato com as irmãs beneditinas da Academia Santa Gertrudes, em Olinda/PE, que acolheram a todos, garantindo-lhes trabalho, moradia e educação.
No Brasil, Edgardo concluiu os seus estudos e, hoje, vive em paz em Caruaru, ao lado da esposa Helena.
Para quem não sabe, há 31 anos, este angolano/brasileiro é um amigo-irmão deste subscritor.
À sua história de luta e superação, eu presto esta homenagem no dia de hoje.
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