João Evangelista da Frota e Vasconcelos era cearense. Nasceu e Sobral, terra famosa e orgulhosa de seus filhos ilustres, nas letras e na política, banhadas pelas águas do rio Acaraú. Decorrida sua meninice, e concluído o curso de preparatórios, matriculou-se, João Evangelista, na Faculdade de Direito do Recife, onde recebeu a carta de bacharel. Diplomou-se, há meio século, no ano histórico de 1889, quando se proclamou a República, na companhia de Esmeraldino Bandeira, Gervasio Fioravanti e Sebastião Galvão, ilustrados pernambucanos, que tiveram larga projeção no direito, na poesia e na história, e de Pedro do Largo, baiano, e uma das figuras de maior destaque no mundo parlamentar, na 1ª Republica.
Ingressou Frota e Vasconcelos, na vida pública, exercendo a promotoria de justiça no Recife. Rápido, porém, foi sua passagem pela cadeira do ministério público. Não trazia, na vida, o destino dramático dos tribunos. Trazia sorte, gloriosa e tranquila, dos homens que encontraram, nas bibliotecas, nos museus e nos arquivos, onde há, perpetuamente, a luz das civilizações passadas, a doce alegria de viver.
Deixado o cargo, na justiça, foi exercer, em 1900, contam os biógrafos, e entre esses, Clovis Bevilaqua e o barão de Studart, os postos de sub-bibliotecário e bibliotecário da Faculdade de Direito do Recife. Nêsses cargos foi, Frota e Vasconcelos, grande funcionário. Substituindo Manuel Clementino, continuou a obra meritória do eminente companheiro, dando, àquela biblioteca, administração e segura e edificante.
Fundou e dirigiu, Frota e Vasconcelos, a 11 de agosto de 1904, a “Cultura Acadêmica”, primorosa revista literária e cientifica, em que colaboraram, em prosa e verso, os vultos de maior relevo, na literatura pernambucana. Viveu a “Cultura” até 24 de junho de 1906, editando algumas obras, e entre essas, o precioso ensaio de Faelante da Câmara sobre a vida e a poética de Maciel Monteiro, o 2º barão de Itamaracá.
Morreu João Evangelista da Frota e Vasconcelos, em Caxangá, na cidade do Recife, no dia 26 de janeiro de 1907, na residência do Dr Raul Azedo, médico e cientista notável. O nome Frota está ligado, honrosamente, à cultura litero-cientifica de Pernambuco. E não o esquecerão, os homens de pensamento.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.