O eminente fundador da Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, narra um historiador, nasceu, em 1858, na antiga vila de També de Nossa Senhora do Destêrro, no extremo norte do Estado de Pernambuco. Chamou-se Pelino Joaquim da Costa Guedes. Deixando, na juventude, o torrão nativo, o jovem tambeense para a capital do Estado de São Paulo, onde se matriculou na Faculdade de Direito, recebendo, depois de um curso brilhante, a carta de bacharel.
Pertenceu à imprensa paulista. Filiado às correntes caudalosas da abolição da escravatura negra e da propaganda republicana, colaborou Pelino Guedes, informa Sebastião Galvão, no “República”, e mais tarde, na “Gazeta da Tarde” e no “Ipiranga”, dando mostras de um espirito vivo e penetrante. Exerceu, também, na gloriosa terra bandeirante, o magistério. Ensinou o vernáculo, na cátedra da Escola Normal. E, no Rio de Janeiro, anos depois, a cadeira de pedagogia.
Mereceu, Pelino, a honra de ser o secretário de José Joaquim Seabra, ministro do Interior e Justiça, no governo do Conselheiro Rodrigues Alves, iniciado a 15 de novembro de 1902. E deixando o elevado posto de confiança de secretário do preclaro baiano, que é uma relíquia da República e da Pátria, conquistou, pelo caráter e pela inteligência, o cargo de diretor da secretaria do Ministério da Justiça.
Jornalista, professor e poeta, publicou, Pelino Guedes, “Nuvens Esparsas”. Foi o livro de versos se sua mocidade. Era na poética, um emotivo. Há, na sua lira, influência de Castro Alves. Celebrizou-se sua poesia A Vida e o Túmulo, em oitavas veementes, destacando-se o verso: – Da sepultura no marmóreo chão -, que é o último, repetido, de todos as estrofes. Dedicou-se, também, esse ilustrado filho da tristonha També, às pesquisas históricas, traçando a biografia do marechal Carlos Machado Bittencourt, o intimorato e malogrado ministro da guerra do presidente Prudente de Morais.
A fundação daquela Faculdade, na terra carioca, foi, porém, a glória de Pelino Guedes, falecido numa cidade de Minas Gerais, no dia 1º de fevereiro de 1919, na véspera do seu aniversário natalício. Completaria, no dia seguinte, 61 anos de idade.
Está gravado, o nome desse nortista, na história do magistério do Distrito Federal e de São Paulo. E Também, sem grave injustiça, não pode esquecê-lo. Haverá, na terra tambeense, uma rua, ou uma escola municipal, que relembre, à geração nova, o nome, a vida e a obra de Pelino Guedes? Se não há, é chegado o tempo da reparação.
Povo que não conhece seu passado, não tem direito ao respeito dos homens do futuro.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.