Claudia Leitte e o racismo religioso – por @historia_em_retalhos.

De forma até agora inexplicável, a cantora Claudia Leitte passou a modificar a letra da canção “Caranguejo” quando está nos palcos diante de seu público.

Convertida ao neopentecostalismo desde 2014, surpreendentemente, a cantora não tem mais pronunciado o nome de Iemanjá, a orixá das águas.

Em vídeos que viralizaram na internet, ao invés de cantar “Saudando a rainha Iemanjá”, letra original da canção, a artista aparece cantando “Só louvo meu rei Yeshua” (Jesus em hebraico).

Cada um tem a sua crença e o Estado brasileiro consagra a liberdade religiosa plena, que deve ser sempre respeitada, porém alguns questionamentos são inevitáveis.

Sinceramente, o que seria hoje de Claudia Leitte se não fosse a cultura afro-brasileira que a projetou como artista?

Esqueceu-se a cantora de que o Axé, ritmo que lhe deu fama e muito dinheiro, tem a sua origem nos rituais das religiões de matriz africana?

É justo apagar e desconsiderar os fundamentos da Axé Music e, principalmente, a força espiritual dos orixás, após deles apropriar-se culturalmente, durante tantos anos, fazendo sucesso e fortuna?

Por que no Brasil tudo que é de origem negra e africana é silenciado?

Importantíssimo centro da cultura afro-brasileira, Salvador já foi chamada até de “Roma Negra”, “Roma Africana” e “Meca da Negritude”.

Até hoje, apesar da enorme repercussão, a cantora não deu uma única declaração sobre o tema e diz que manterá a agenda regular de shows.

“Caranguejo” é uma composição de Alan Moraes, Durval Luz e Luciano Pinto, que também estão sendo desrespeitados na medida em que estão tendo a sua obra modificada sem autorização.

Em verdade, Claudia Leitte desonra o gênero musical que a fez conhecida.

Para quem não lembra, em 2022, ela postou um vídeo em que aparecia um abajur em forma de arma e uma bíblia.
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