Ataques à democracia no Brasil – por @historia_em_retalhos.

8 de janeiro tornou-se uma data associada a ataques à democracia no Brasil.

Hoje, convido-te a conhecer um outro 8 de janeiro.

Trata-se de um dos episódios mais brutais e covardes do ciclo da ditadura militar e que teve como pivô uma das figuras mais abjetas daquele período: o cabo José Anselmo dos Santos.

Anselmo foi um agente duplo, que iniciou a sua atuação militando contrariamente ao regime.

Depois, porém, passou a servi-lo, como infiltrado, levando jovens militantes ao leito da morte.

Dias antes do golpe de 1964, Anselmo liderou um motim dos marinheiros, chegando a ser preso e expulso da corporação.

Em 1971, todavia, foi preso novamente e, a partir daí, decidiu tornar-se informante do Dop’s, comandado pelo delegado Sérgio Fleury, um dos expoentes da repressão.

Já com um plano arquitetado com Fleury, Anselmo foi ao Chile e conseguiu convencer Onofre Pinto, um dos líderes da Vanguarda Popular Revolucionária, a levar a organização para Pernambuco.

Onofre, mesmo advertido, acreditou nas intenções do cabo, que indicou as 6 pessoas que iriam conduzir a VPR no estado.

Foi assim que José Manoel, Jarbas Marques, Eudaldo Gomes, Pauline Reichstul, Evaldo Luiz e Soledad Barret entraram no radar da morte.

Sedutor, persuasivo e com a estratégia já traçada, Anselmo iniciou um relacionamento com a poetisa Soledad Barret, indo com ela morar em Olinda.

Soledad passou a trabalhar como artesã, na loja Boutique Mafalda, no centro histórico da cidade, enquanto Anselmo convencia a VPR a adquirir um sítio em Abreu e Lima/PE, futuro local da emboscada.

Em 08.01.1973, a chacina aconteceu.

Os militantes foram pegos, torturados e executados em um casebre, próximo à Igreja de São Bento (foto).

Foram 32 tiros, a maioria, à queima-roupa (14 deles nas cabeças).

Nos jornais, foi publicada a versão oficial de que teria havido um “tiroteio”.

Não houve tiroteio algum.

A cena do crime foi modificada, com armas plantadas para simular um confronto.

O que houve, em verdade, foi um massacre.

Este fato precisa ser mais difundido e daria um excelente filme na esteira de “Ainda Estou Aqui”.

Alô, @waltersalles_oficial.

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