A religião africana: um pouco de história
A miscigenação que começou com a colonização portuguesa no Brasil no ano de 1500 deu continuidade às suas características na população brasileira. Por ser um país rico em etnias, foi idealizada uma ausência de preconceito racial e visto como uma democracia racial. Mas, preconceitos contra a população negra brasileira existiram, através da desafricanização religiosa. Os cultos afro-brasileiros são sistemas de crenças trazidos pelos escravos a partir de século XVI, a costa Oeste da África predominou em parte desta miscigenação. (RODRIGUES, 1935, SILVA, 2005).
Esta religião é apresentada como afro-brasileira por se originar da vivência, e dos motivos convencionalmente enraizados de uma cultura do continente africano, fazendo sincretismo com a cultura brasileira, designando-se assim como religião afro-brasileira. Entre as nações impulsionadas por fragmentação de memória étnica, desenha um modelo social econômico, estético e evidentemente cultural naquele grupo. O modelo religioso afro-brasileiro toma conta dos terreiros no Brasil dando início na cidade de Salvador com muita resistência. Posteriormente a população de Pernambuco, Maranhão, Rio de Janeiro entre outras acolhem a cultura religiosa africana. (RODRIGUES, 1935, SILVA, 2005).
O sincretismo religioso desenvolveu um papel indispensável, mesmo antes dos negros serem trazidos para o Brasil, a associação entre os deuses das várias etnias já existiam. Orixás, divindades vistas como forças espirituais humanizadas, com características físicas e personalidades próprias com a possibilidade da incorporação nos devotos, característica principal nesta religião.
O culto aos seus Deuses foi de grande relevência nas religiões Afro, e o ponto central dos cultos são as festas aos orixás que são visto como Deuses, em diversos casos envolvendo possessões e sacrifícios de animais. O homem africano é por aquilo que ele testemunha os seus micros sistemas de poder temporal e ritual-religioso. Aspectos ideológicos e sistemas de organização social e cultural inevitavelmente estão manifestos na estrutura do Xangó, e nesta relação possivelmente surgem expressões da personalidade.
Os estados de Transe de Possessão estão classificados na CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, capítulo V “Transtornos Mentais e de Comportamento: Diretrizes Clínicas e Diagnósticas, 1993) como F44. 3, denominados transtornos de Transe de Possessão, caracterizando-se por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade. Na classificação americana DSM-IV (Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais, 1994) esse quadro aparece como transtorno dissociativo sem outras especificações, que incluem os transtornos nos quais as características predominantes são sintomas dissociativos e que não satisfazem os critérios para qualquer transtorno específico, observados como perturbações isoladas ou episódicas do estado de consciência ou identidades culturais.
A aproximação dos estudos psicológicos, antropológicos e psiquiátricos estabelecendo um paralelo com as manifestações de Transe de Possessão, colocando o sentimento religioso e cultural entre os povos, é uma grande contribuição apresentada num momento da história que marca a ação do homem africano, protagonista de seus caminhos enquanto indivíduo e civilização. A possessão religiosa dos chamados “estados de santo” nada mais é do que a crença na manifestação de um orixá fetichista. Nos cultos, a possessão é obtida por práticas evocatórias especiais, pelo pai ou mãe de santo, por intermédio de quem o santo fala e dita as suas vontades. (RAMOS, 1940).
Próxima semana: Músicas e ritos
Leia a PRIMEIRA parte desta série.
Leia a SEGUNDA parte desta série.
Cleiton Nascimento
Psicólogo
CRP02.14558
Senhor Cristiano Pilako, a semanas venho acompanhando a divulgação da monografia do respeitável psicólogo. Eu como integrante do CLAP solicito que se divulgue esse trabalho a sobre transe/possessão. Acredito que o mesmo contribuirá para o bom “questionar”. Boa tarde.
Transe E/Ou Possessão: Um Enfoque Clínico
Geralmente as pessoas que se apresentam em transe (estado alterado de consciência) nem sempre serão portadoras de alguma patologia psiquiátrica. Na grande maioria trata-se da influência de elementos socioculturais na representação da realidade.
A influência da cultura nos sentimentos, afetos e comportamentos não devem ser, por si só, tomada como doença mental. Se assim fosse, um cordão de carnaval, aos olhos de outra cultura, por exemplo, poderia ser tomado como um batalhão de dementes.
Vamos então, descrever casos que comportam um diagnóstico médico e psíquico.
Alguns pacientes com Epilepsia do Lóbulo Temporal ou do Sistema Límbico podem sofrer exóticas mudanças de personalidade, tanto sob a forma aguda, durante crises (se houverem) ou, mais curiosamente, entre os ataques. A sintomatologia dessas mudanças de personalidade se dá, comumente, com episódios de êxtase místico, preocupações religiosas, compulsão em falar ou escrever sobre temas metafísicos, orações, estados de êxtase de graça (com sentimentos de bondade extrema).
Se as visões e alterações da personalidade forem muito evidentes nesses pacientes, podemos até falarem Transtorno Psicóticodevido a uma condição médica geral. Esse transtorno é caracterizado por alucinações ou delírios proeminentes, presumivelmente decorrentes dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral sobre o cérebro.
A pessoa que vivencia uma realidade diferente e estimulada por outra pessoa, está sendo sugestionada ou influenciada. Em termos gerais, somos todos sugestionáveis. Isso equivale a dizer que o ser humano é, essencialmente, um imitador.
A força de persuasão da moda, por exemplo, é incontestável, e a própria propaganda e marketing só se viabilizam tomando por base a sugestionabilidade humana.
Mas a sugestão não tem nada a ver com o delírio e com as ideias deliróides. Nessas duas situações, francamente patológicas, a liberdade de deixar de lado o Pensamento Mágico e reassumir o Pensamento Lógico é impossível de ser feito pela força da vontade. Na sugestão, por sua vez, apesar da força do que fora sugerido é possível que a pessoa abandone esse tipo de pensamento de natureza mágica através de seu arbítrio.
Pessoas podem causar sugestões em outras, assim como ambientes também podem influir. Vejamos, por exemplo, as influências sugestivas do ambiente hospitalar, carnavalesco, militar, musical e, evidentemente, religioso.
As forças sugestivas têm vários graus de penetrância, indo da simples propaganda à lavagem cerebral. As pessoas também possuem graus variados de sugestionabilidade, desde o normal até o altamente sugestionável, esse último representado pelas personalidades histéricas.
O sucesso da sugestão está no fato de tratar-se de um apelo dirigido ao sentimento e às emoções, mais do que à razão. E será tão mais forte quanto atender necessidades emocionais. Mas, seja qual for o grau de sugestionabilidade ou de influência, como não se trata de delírio nem de ideia deliróide, será possível reassumir o pensamento realístico através do arbítrio.
Não podemos aceitar, com naturalidade, a afirmativa “não consigo” por parte do paciente. Diante disso temos duas opções: ou, de fato, ele não consegue deixar os pensamentos mágicos voluntariamente, caracterizando o delírio e não uma sugestão e, sendo assim, terá de ter obrigatoriamente outros dados clínicos; ou, certamente, se não tem esses outros dados clínicos necessários ao delírio será, de fato, uma sugestão.
Nesse caso a pessoa consegue sim, desvencilhar-se dos pensamentos mágicos, independente de afirmar que não consegue. A autossugestão é a mesma coisa que a sugestão, porém, tendo como mola propulsora à influência de elementos internos, motivados pelos valores culturais junto com as necessidades emocionais, e não apenas elementos externos, motivados por outras pessoas.
Casos de sugestão e autossugestão podem ser representados por pessoas que perderam o sossego porque viram vultos na casa, que ficam apavoradas com o aparecimento de feitiço na soleira da casa, que sentem calafrios e perturbações depois de visitarem um terreiro de umbanda. Outras vezes, são pessoas que se julgam muito doentes e que melhoraram sensivelmente quando o último exame médico apresentou resultado negativo, pessoas que saram depois de benzimentos e simpatias, e assim por diante.
Por Por Sílvio Loredo.
esse “respeitável psicólogo” deveria aprofunda-se mais no estudo do transe.pois nem tudo é patológico ou sugestão.indicaria estudo como do psiquiatra Dr.Brian weiss.do pesquisador dr. Ian Stevenson. obte-se conhecimento da psicologia tranpessoal considerada a “quarta força” por Abranham Maslow e stananislav Grof.hoje as maiores mentes da física quântica estuda o ESPÍRITO.vemos os cientistas pesquisando o que chamaram de partícula de DEUS.aos poucos a psicologia materialista vai ficar ultrapassada pela descoberta da própria ciência.temos o estudo sério da EQM-experiência da quase morte.é preciso separá o que é transe patológico do transe de estado alterado de consciência.e esse pe. Quevedo não passa de um arcaico dinossauro ultrapassado pela maiores mentes do planeta que estuda a realidade da sobrevivência do espírito.caro psicológo vitoriense estude mais.seu estudo tá muito primário e precário.com todo respeito.um abraço!
Estava aguardando a conclusão das publicações sobre o tema, para poder comentar. Mas, com os últimos comentários, vamos por partes.
Me deixa surpreso um trabalho ser orientado por profissionais de mais de 20 anos na área, ou analisado por especialistas em antropologia (eu disse Antropologia), ter alguns erros absurdos sob o aspecto religioso do Candomblé.
Orixás não são deuses e nem “incorporam” no plano físico, que por sinal é um termo inadequado para se referir ao acoplamento perispiritual com finalidade da comunicação mediúnica, já que dois “corpos” não ocupam o mesmo “espaço”.
Edir Macedo também tem mais de 20 anos na área como “profundo conhecedor” do transe, da Umbanda, Candomblé, Espiritismo, Quimbanda e por ai vai…. mas, não vou nem comentar sobre o tamanho da ignorância desse referido “evangelizador”.
Grandes cientistas passaram décadas acreditando em algo, ideias que foi desconstruídas por então uma novo estudo, que até então era absurdo: a Teoria da Relatividade do Einstein.
Não vou dizer que faltou o estudo da Psicologia Transpessoal, porque ainda não li o artigo todo de Cleiton, já que está sendo publicado aos poucos, mas volto a comentar.
Sobre a teoria do Sr. Loredo, é só mais uma teoria entre tantas, que devemos respeitar. Em diversos meios a referida instituição (CLAP) não é aceita como instituição compromissada com a verdadeira ciência da parapsicologia, já que esta arraigada com objetivos religiosos (leia-se a truculência da qual Pe. Quevedo ataca a religião Espírita).
Mas respeitemos a todos. E vamos que vamos…
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Boa noite! Qual o primeiro passo que posso da par a o tratamento, um neurologista e um pisicologo e aconselhavel? Fiquei assim por infl uencia cultural na familia que so desencadeou ap os um evento traumatico, forte opresoes