Conversão e Separação

Nunca me esqueço da conversa que tive com um mototaxista. Ele me contou que não conseguia se libertar de sua mulher. Quanto mais ela pintava miséria com ele, mais o escravizava. Até de faca já havia sido agredido, levou esculhambação na Delegacia, vivia bêbado, teve que tirar o baço, uma verdadeira infelicidade, porém danado de enrabichado por ela. A Carteira Profissional do sujeito era borrada de sangue, de um pega pra capar lá na rua onde a jararaca morava. Foi, foi, foi, até que, um dia, resolveu se converter. Engoliu corda de uma amiga e foi parar na Igreja. Chegou todo acanhado, com a mão no bolso, a cabeça baixa, olhando de bandinha, parecendo um matuto. Poucos dias depois, debaixo de oração, ouvindo o nome de Jesus, quando olhou para a mulher, enxergou o demônio. Contou que, apesar de tudo, ainda tentou levá-la para a Igreja, mas a camarada rejeitou o convite. – Vamos pra Igreja, Fulana, em nome de Jesus! Deixa de tua cachorrada. Não teve jeito. Estava acabado o casamento. Descobrira, então, que não havia relacionamento, coisa nenhuma, era tudo artimanha do Satanás.

Sosígenes Bittencourt

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    • Realmente. Ainda bem que a vítima não era violenta, levava revés, mas sempre buscando a conciliação. Caso contrário, teria esquecido o Diabo e se transformado no próprio. Aí, sim, seriam Demônios em conflito, sem Padre Nosso por penitência, sem Maria da Penha, nada que o impedisse de arremessá-la à cova e lançar-se ao cárcere. Deus teve misericórdia.

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