Uma hora depois.
– Alô, bom dia. É do urologista?
– É, senhora, bom dia, diga.
– É que eu queria marcar uma consulta para o meu marido.
– Olhe, senhora, consulta só daqui a uma semana.
– Mas o caso é urgente, diz que é próstata, amiga.
– Olhe, nós só podemos marcar consulta daqui a uma semana, senhora.
– Mas eu ando muito preocupada, meu vizinho teve um problema na próstata, já não urinava, terminou falecendo.
– Olhe, daqui a uma semana a senhora liga para marcar, tá bom?
– Marcar o quê, amiga?
– Marcar a consulta, minha senhora.
– Mas, não é a consulta?
– Não, minha senhora, a consulta será marcada para 30 dias.
– Mas, e se for próstata?
– Olhe, quem vai dizer “o que é” é o urologista, senhora.
– E se ele morrer, minha amiga?
– Morrer, quem, minha senhora?
– O meu marido, idiota!
– Aí não é mais com o urologista, madame.
Sosígenes Bittencourt