Condeno os versos que escrevi outrora,
todas estrofes e paixões, de amor,
todos os versos que a minh’alma enflora,
hoje eternizo num cantar de dor.
Condeno os risos da minh’alma infante,
toda alegria que me embalou,
toda a ventura do meu ser cantante,
neste meu verso aqui se sepultou.
Condeno beijos, madrigais, desvelos,
amores que passaram e que eu chorei,
encanecidos estão os meus cabelos,
por tudo isso velho já fiquei.
Condeno. E com minh’alma desprendida,
sonho, e heroico, livrando-me das grades,
em adejos vou queixoso desta vida,
para as estrelas sem sentir saudades.
de “Cânticos dos Céus” – 1951
Dilson Lira