Momento Cultural: CONDENO – Por Dilson Lira

Dilson Lira - Jornal da Vitoria

Condeno os versos que escrevi outrora,
todas estrofes e paixões, de amor,
todos os versos que a minh’alma enflora,
hoje eternizo num cantar de dor.

Condeno os risos da minh’alma infante,
toda alegria que me embalou,
toda a ventura do meu ser cantante,
neste meu verso aqui se sepultou.

Condeno beijos, madrigais, desvelos,
amores que passaram e que eu chorei,
encanecidos estão os meus cabelos,
por tudo isso velho já fiquei.

Condeno. E com minh’alma desprendida,
sonho, e heroico, livrando-me das grades,
em adejos vou queixoso desta vida,
para as estrelas sem sentir saudades.

de “Cânticos dos Céus” – 1951

Dilson Lira

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