Momento Cultural: OFÉLIA E O SILÊNCIO – por Marcus Prado

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A noite desce
inesperadamente
até às raízes do que somos:
Ofélia louca a cantarolar estranhezas
nos claustros da alma.
Às vezes senta-se,
senta-se devagar, com medo
dos monstros que devoram flores
e esconde-se no silêncio.

Há náufragos nos pântanos de Ofélia, o fantasma,
Gritam crianças nos jardins de Ofélia, o fantasma.
Ofélia desce, desliza, esvoaça, afunda-se,
Devora-nos nas raízes:
Ofélia a noite
Ofélia a solidão
Ofélia a louca
que esqueceu a grinaldo de sóis
no âmago dos homens.

(Literatura e Arte, boletim da S.A.C.V – junho/65 – Ano 1, nº 1)

Marcus Antonio do Prado, nascido na Vitória crítico literário dos mais expressivos, responsável pela página literária do “Diário de Pernambuco”.

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