A percepção do tempo não é imutável nem única. Ocidentais e orientais, assim como em diferentes períodos e sociedades distintas, encravam o passar do tempo de modos diferentes.
A Ciência Física tem tentado mostrar que a noção de tempo tem mudado com a velocidade das transformações que a sociedade vem passando, como formas de trabalho, obrigações cada vez mais apressadas, fazendo com que o cérebro humano processe informações em um ritmo que distorce a noção do tempo. Cada povo acumula um legado cultural na forma como apreende o passar dos instantes, dos dias e dos anos. A literatura oriental e ocidental é rica em evidenciar essas diferenças.
Um dos principais aspectos do tempo é sua transitoriedade. O tempo é fugaz, efêmero e também repleto de mesmice. O presente atualiza o passado, nada mais. Cada aparente mesmice do presente nada mais é do que o prolongamento do passado _ O nômade, via de regra, foge dessa mesmice e do tédio causado por esse prolongamento. O tempo é a chuva prateada que cai e recai sobre os ombros dos fortes e dos fracos, o circulo que amarra as pontas máximas e, talvez, mínimas da vida.
O tempo existe? Sim. Diria a maioria dos físicos. Contudo não há como pegá-lo. (seria Maluf filho do tempo). Capturá-lo materialmente continua sendo um sonho. Mesmo Einstein afirmou mais de uma vez que o tempo é uma ilusão.
Basta uma olhada nos calendários modernos para perceber a influência das religiões no tempo. No mundo ocidental, por exemplo, a contagem do tempo começa com o nascimento de Cristo. Estamos no ano de 2013 D.C (depois de Cristo), já para os judeus a contagem se dá a partir da criação da Terra por Deus (como se eles soubessem!), estamos de acordo pelo calendário judaico, no ano 5773. E as religiões levam suas influências para além do calendário. Outras culturas antigas como os maias e os incas, acreditavam na roda do tempo, eras repetitivas e cíclicas que se sucederiam infinitamente para todos.
A Bíblia livro sagrado do cristianismo dá ao tempo um caráter linear e finito: seu começo foi criação divina e haverá um fim – Deus, no entanto, é eterno.
Comemoremos, vamos tomar um gole de tempo? Tempo de hortelã ou tempo com gelo do sol, o que seria preferível? Há um profundo túnel, lotado de tentáculos, que evidencia mais dúvidas nos mistérios da temporalidade. Aliás, vou parar por aqui, pois estou sem tempo pra escrever mais.
Franklin Ferreira
Professor de Química