“Pernambuco quer fazer mais nos próximos anos”

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Foto: Alexandre Albuquerque

 Anfitrião da festa de final de ano do PTB de Pernambuco, que reuniu mais de duas mil pessoas na noite desta segunda-feira (9), no Cabanga, no Recife, o senador Armando Monteiro fez um discurso emocionado sobre as conquistas do partido em 2013 e os desafios para 2014.Ao lado da bancada federal e estadual do PTB e de representantes de diversas legendas aliadas, o líder trabalhista fez uma saudação especial ao deputado federal Pedro Eugênio (PT) e à deputada estadual Teresa Leitão, que assume nesta terça-feira (10) a presidência estadual do PT em Pernambuco. Armando apontou como primordial a reunificação do PT no Estado, principalmente na perspectiva da reeleição da presidente Dilma. “O PT é importante para esta construção que se fará em Pernambuco”, reforçou.

Ele ainda lembrou dos importantes investimentos realizados em Pernambuco pelos governos Lula e Dilma e disse que, para ter um desenvolvimento equilibrado, o Estado tem a obrigação de manter uma estreita parceria com o Governo Federal.

Por fim, Armando disse que o PTB quer discutir, ao lado dos outros partidos e da sociedade, um projeto para Pernambuco. “Porque se é verdade que Pernambuco avançou nos últimos anos, é verdade também que os pernambucanos ficaram mais exigentes em relação ao seu futuro”, afirmou.

Veja abaixo trechos do discurso:

Agradecimento pelas presenças

Armando Monteiro – “Eu quero que o primeiro registro seja o da minha emoção, de poder reunir nesta noite, tantas e tão expressivas figuras da vida política de Pernambuco. Esta legião de companheiros que hoje comparece, gente que veio de todas as regiões de Pernambuco. Então a minha primeira palavra tem que ser de profundo agradecimento porque esta presença é um testemunho eloquente de quantas razões nós temos de podermos nos reunir nesta noite. E eu tenho certeza que para que possamos caminhar neste próximo ano, quando Pernambuco vai poder apontar firmemente em direção ao futuro, sobretudo na perspectiva da superação dos seus problemas e, sobretudo, dos novos desafios que temos pela frente. Eu quero, portanto, fazer este registro de profundo agradecimento”.

A reunificação do PT

Armando Monteiro – “Saudando estes dois (Teresa Leitão e Pedro Eugênio), eu queria dar o testemunho do quanto foi importante para Pernambuco este processo de reunificação do Partido dos Trabalhadores. Eu quero dizer que para o êxito de qualquer projeto, que esteja alinhado no plano nacional com a reeleição da presidente Dilma, e que aponte para a perspectiva concreta de criarmos aqui um projeto em Pernambuco, isto tem uma pré-condição essencial. É que o PT de Pernambuco esteja unido, que o PT de Pernambuco supere estas suas diferenças. Porque o PT é importante para esta construção que se fará em Pernambuco. O PT tem uma trajetória no Brasil e em Pernambuco. O PT tem um enraizamento num país em que os partidos não são propriamente realidades do ponto de vista sociológico. O PT nasceu como algo vivo, colado em movimentos sociais muito importantes e que marcaram este processo de transformação do Brasil. O PT em Pernambuco tem história, tem quadros. E por isto é muito importante ver o partido pacificado. E eu tenho certeza que dois artificies deste processo estão hoje aqui presentes. O deputado Pedro Eugênio, que teceu com paciência, que ajudou na construção, e essa combativa mulher, firme, altiva, determinada, que é a deputada Teresa Leitão. Portanto, homenageando estas duas figuras nós estamos celebrando este processo de pacificação do PT”.

O Brasil avançou

Armando Monteiro – “Eu não poderia deixar de falar rapidamente da perspectiva desta construção política que nós temos que fazer. A primeira observação é que o Brasil vem avançando nos últimos dez anos de maneira significativa. Não é que tudo tenha começado de dez anos para cá, mas nos últimos dez anos o Brasil acelerou o passo, em meio a uma conjuntura que foi, durante um certo tempo, mais favorável e agora menos favorável, mas é sempre bom lembrar que o Brasil avançou. O Brasil avançou porque pôde ter um padrão de crescimento maior nos últimos dez anos, o Brasil avançou porque pôde ampliar os programas sociais, de modo a alcançar setores que estavam marginalizados da vida do País. O Brasil avançou porque uma parcela muito importante da população ascendeu à condição de consumidores, o Brasil avançou porque o crédito se expandiu extraordinariamente, avançou porque o salário mínimo em valores reais aumentou mais de 50% ao longo dos anos”.

O aumento da renda do brasileiro

Armando Monteiro – “E agora quando o Brasil vive uma fase de menor crescimento, há uma discussão que me parece às vezes muito enviesada e muito partidarizada, como se tivessem de alguma maneira alguns setores torcendo contra o Brasil. E eu quero dizer a vocês que é como se existisse às vezes uma economia dos economistas e uma economia do povo. Falam muito no PIB (Produto Interno Bruto), uma medida importante que mede o crescimento do produto. Mas meus amigos, o PIB da maioria dos brasileiros é o seu salário, e este PIB está subindo porque em valores reais a renda não deixou de se elevar nestes últimos anos. O Brasil vive uma situação de quase pleno emprego. Então há uma conjugação importante, emprego e aumento de renda real”.

Dilma e a agenda do setor produtivo

Armando Monteiro – “Eu não quero dizer que com isto está tudo resolvido e está tudo bem. Mas a presidente Dilma fez um esforço para promover um certo reajuste na matriz macroeconômica do país, sobretudo olhando as necessidades do setor produtivo. Nós passamos anos e anos convivendo com taxas de juros extremamente elevadas, que penalizam os que produzem. E nós tivemos um processo de valorização cambial que foi perverso para a indústria brasileira, que quase desmonta setores importantes da nossa indústria, ao ponto de muitos apontarem para um processo precoce de desindustrialização do Brasil. Mas meus amigos, a presidente tentou enfrentar uma agenda, reduzindo custos sistêmicos, veja o problema do custo da energia, atuando para desonerar a folha de pagamento, sem pôr o financiamento da previdência em risco, porque na realidade a contribuição sai da folha mas vai para o faturamento das empresas”.

O Brasil não está desconectado do mundo

Armando Monteiro – “Então a presidente Dilma atuou firmemente, para oferecer linhas de financiamento que nunca o setor empresarial pôde ter neste país. Há linhas do sistema BNDES, como por exemplo o Programa de Sustentação de Investimento, cuja taxa anual é 5%. Num país cuja inflação média é superior a 5%, o que significa dizer que foram oferecidos recursos ao setor produtivo com taxa de juros negativa para estimular os investimentos. É claro que nós gostaríamos que tivesse havido uma resposta maior, que o Brasil pudesse ter experimentado um maior crescimento neste período. Mas é preciso lembrar que o Brasil não está desconectado do mundo e que o mundo desacelerou o seu processo de crescimento. Durante anos e anos o comércio internacional cresceu a taxa de 10%. Houve uma desaceleração muito forte”.

Os investimentos em Pernambuco

Armando Monteiro – “Vamos pensar no que aconteceu nos últimos dez anos em Pernambuco. Basta andar por Pernambuco para saber que em todos os projetos importantes, sejam na área da infraestrutura, sejam os projetos de investimentos de caráter mais estruturante, até mesmo aqueles que são liderados pelo setor privado. Houve em todos eles a marca decisiva da presença do Governo Federal. Em tudo. Quando falamos da infraestrutura, em homenagem aos amigos do Sertão, vamos falar do esforço que o Governo Federal promoveu nesta seca severa que se abateu, desestruturando o tecido econômico do interior, dizimando os rebanhos, reduzindo a renda do pequeno produtor e do pequeno agricultor a quase nada. Não faltou a presença do Governo Federal. Com ações assistenciais, é verdade, que eram absolutamente necessárias. Mas se falarmos hoje das grandes obras de infraestrutura hídrica que estão em curso em Pernambuco, todas elas estão sendo realizadas com dinheiro do Governo Federal.

É necessário fazer mais? É. É necessário ampliar esta malha de adutoras, além da adutora do Pajeú, além da adutora do Oeste, do ramal de Entremontes, do projeto do Canal do Sertão, da Adutora do Agreste, nós já começamos através dos poços lá do Jatobá a alimentar a primeira etapa desta obra da adutora do Agreste. Mas temos ainda muito o que fazer”.

A engorda da praia da Jaboatão e a navegabilidade do Rio Capibaribe

Armando Monteiro – “Quando olhamos o sistema viário, a duplicação da BR 108, a 408, a 104, em tudo isto tem recursos federais. Quando falamos de algumas importantes obras aqui na área metropolitana, e eu hoje pude visitar a engorda da praia de Jaboatão, que é a mais importante obra de recuperação de orla marítima que se realiza no Brasil. Seis quilômetros de recuperação da orla. Todo o dinheiro é dinheiro federal. Uma obra de R$ 41,5 milhões, R$ 40 milhões são do Governo Federal. Quando falamos do corredor fluvial, este corredor de transporte através do Rio Capibaribe, que é a única obra do PAC que tem estas características, vamos ter lá oito estações de passageiros, uma importante obra de dragagem do Rio Capibaribe, 300 mil recifenses, quando o projeto ficar pronto, irão se deslocar através do rio. É a questão da mobilidade urbana que está sendo enfrentada através deste projeto. São recursos federais”.

Refinaria, Estaleiro, Hemobras e FIAT

Armando Monteiro – “Quando olhamos a refinaria de Petróleo, e eu participei desta luta ainda no ano 2000 quando fomos à Venezuela, houve uma ação decisiva do Presidente Lula. As plantas petroquímicas, as três plantas que foram iniciadas por grupos privados e que no meio do caminho e no início a Petroquisa assumiu, foi o Governo Federal. Quando o presidente Lula tomou uma decisão histórica, para construir navios em outros estados, e não apenas no Rio de Janeiro. O maior estaleiro que se implantou no Brasil foi o de Pernambuco, o Estaleiro Atlântico Sul. Quando falamos lá da Hemobras, em Goiana, quando celebramos a conquista da FIAT, e como foi importante esta conquista. Foi o regime automotivo do Nordeste, foram os incentivos federais, que em última instância justificaram a escolha da FIAT por Pernambuco”.

Governo do Estado valorizou parcerias

Armando Monteiro – “Mas meus amigos eu não seria injusto, e Pernambuco não aceitaria que eu fosse, porque eu não terei nunca um discurso de ocasião. Estas obras e o que aconteceu em Pernambuco, isto tudo contou com a parceria fundamental, com a presença competente do Governo do Estado de Pernambuco. E o desempenho do Governo de Pernambuco, liderado pelo governador Eduardo Campos, valorizou esta parceria com o Governo Federal. A maneira pró-ativa, competente, com que Pernambuco pôde dar estes passos”.

Pernambuco precisa sustentar ciclo de crescimento

Armando Monteiro – “Nós temos agora que olhar para a frente. Pernambuco tem muitos desafios. Há duas posições que nós devemos afastar. Uma é a dos pessimistas de plantão, daqueles que descreem, que acham que está tudo errado. E a outra é a dos otimistas ingênuos, dos que acham que Pernambuco já se colocou definitivamente na rota do crescimento. Não é verdade isto. Pernambuco, para sustentar este ciclo de crescimento precisará enfrentar uma nova e desafiadora agenda. Que nos obriga a manter uma estreita parceria com o Governo Federal. Porque concluir estas obras, ampliar algumas obras de infraestrutura, isto é fundamental para Pernambuco”.

Desenvolvimento mais equilibrado

Armando Monteiro – “Precisamos manter um bom clima de negócios, precisamos desenvolver um crescimento mais equilibrado. Não é justo que o pernambucano do Sertão tenha um terço da renda do pernambucano da área metropolitana. Precisamos fazer um desenvolvimento mais equilibrado, precisamos ampliar os investimentos e fortalecer a interiorização do desenvolvimento de Pernambuco. Precisamos melhorar os nossos indicadores sociais, porque o desafio não é só crescer mais, mas é fazer um desenvolvimento de melhor qualidade. Isto significa investir na educação, significa melhorar o desempenho em áreas de políticas públicas essenciais”.

O apoio ao micro e pequeno empreendedor

Armando Monteiro – “Precisamos apoiar de forma mais efetiva o micro e o pequeno empreendedor que estão muito penalizados nesta quadra em Pernambuco. O deputado Pedro Eugênio tem atuado conosco sobre uma questão importante, que é esta da questão tributária que está penalizando o pequeno comerciante, o pequeno empresário de Pernambuco. E eu quero lembrar que os grandes projetos são importantes, mas quem faz verdadeiramente o desenvolvimento de Pernambuco são os micro e pequenos empresários. E eu quero homenagear aqui um companheiro a quem se deve dar um grande crédito por esta luta da micro e pequena empresa, é o companheiro José Tarcisio, presidente da Comicro, que tem sido um lutador nesta agenda”.

Pernambucanos ficaram mais exigentes

Armando Monteiro – “O que é importante agora? É nós nos juntarmos, nos reunirmos, e para isto o nosso partido tem a disposição de promover um diálogo fraterno. Sem personalismo, sem vaidade, na perspectiva da manutenção deste projeto que é tão importante para o Brasil e para Pernambuco. O que sabemos hoje é que estamos juntos. O PT, o PTB, e muitos partidos que estão na aliança da presidente Dilma e que, eu tenho certeza, estarão solidários com este partido em Pernambuco. Nós temos muitas razões de confiança e de esperança em Pernambuco. Vamos olhar para este futuro mas, mais do que isto, vamos nos juntar para que nós possamos fazer um projeto e discutir este projeto. E esta perspectiva do ano eleitoral nos dá seguramente a oportunidade de discutirmos uma agenda para este novo tempo de Pernambuco, de fazermos um debate de alto nível sobre estas questões. Porque se é verdade que Pernambuco avançou nos últimos anos, é verdade também que os pernambucanos ficaram mais exigentes em relação ao seu  futuro. Pernambuco não vai se contentar com menos. Pernambuco quer mais, Pernambuco quer fazer mais nos próximos anos. E por isto este é o nosso compromisso de apresentarmos um projeto a Pernambuco”.

O PTB é um partido aliancista

Armando Monteiro – “Eu quero dizer que PTB jamais será um partido autossuficiente, o PTB jamais vai se bastar a si mesmo. O PTB tem a compreensão exata das suas limitações. O PTB tem espírito de aliança, quer construir alianças, porque qualquer projeto para ser consequente precisa incorporar todos os setores da sociedade de Pernambuco. E precisa fazer convergir a vontade política para que aí possamos sim, de forma legítima, apresentar à sociedade de Pernambuco este novo caminho”.

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