À querida Vitória de Santo Antão, na sua data, duplamente memorável – 3 de agosto:
– Vem, ó viajor, abatido e cansado
de tão longe e rude caminhar,
e… da relva, no tapete aveludado,
senta-te e ouve o que te vou narrar.
Antes, porém,
escuta bem,
em surdina, o hino marcial…
que a Vitória exaltou,
que a Vitória legou,
o Poeta – teu filho imortal!
(Ouve-se a 1ª estrofe do “Hino da Vitória” de autoria de José Teixeira de Albuquerque)
Sentemo-nos, agora, e, prosseguindo na minha narrativa, escuta, viajor amigo:
– Sou vitoriense. Na minha terra amada,
também, como o Orebe, da História Sagrada,
há um monte tradicional
que Deus o tornou, um dia, imortal
– Tabocas!…
Lá evocas,
toda uma arrancada épica de Glória
que nos mereceu, sim, muito bem paga,
a honra de, o nome permutar de “Braga”
pelo o bem merecido de “Vitória”!
(Levanta-se e, caminhando em direção ao mais alto do monte, diz):
– Comigo, viajor ou turista ávido, curioso…
vem escalar a montana santa
e, bem gemente, ouvirás, de lá,
o murmúrio do Tapacurá
– relicário sagrado
de heróico Passado!
(subindo mais um pouco):
– Vamos turista ao cume
aonde, real ou espiritualmente,
dos nossos escutando a oração fremente,
a Virgem Mãe desceu!…
e, bondosa, os socorrendo, enfim,
de um três de agosto, já no fim,
a Vitória magistral,
segura triunfal,
a eles, os bravos,
depressa concedeu!
(pondo a mão no ombro do turista):
– Viajor!
Por que ficaste, assim, tão abstrato
ante a real grandeza desse fato?!…
– É que… fiquei empolgado e… vou deduzir:
Vitoriense é conhecer
o seu Passado glorioso…
os seus heróis enaltecer,
do seu Feito ser cioso!
– Obrigada viajor! e, logo:
desçamos, enfim, a escarpada montanha
aonde sentiste emoção tamanha…
assim decidido
bem convencido
do valor dos nossos heróis
que fulgirão, como outros sóis
na coroa varonil
deste amado Brasil!
(pondo a mão no ombro do visitante):
– E agora?
lá fora,
tu saberás, de certo, exaltar, então
a querida Vitória de Santo Antão
que, dos seus filhos, escreveu com altivez
a derrocada contra o jugo holandês!
(SILENTE QUIETUDE – ALBERTINA MACIEL DE LAGOS – pág. 15 a 17)