José Barbosa da Silva – Sinhô – nasceu na Rua do Riachuelo no Rio de Janeiro, no dia 08 de setembro de 1888. Filho do pintor Ernesto Barbosa da Silva, era um mestre pintor o que naquele tempo significava um pintor de paredes “melhorado”, isto é, um profissional capaz de reproduzir a óleo, paisagens de folhinhas ou quadros históricos em paredes de botequim ou sedes de clubes recreativos.
O maior desejo do pintor Ernesto Barbosa, desde que o filho José começou a deitar as beiçolas de fora, foi transformá-lo também num grande flautista. O moleque, porém, já pelos seus catorze anos, demonstrava de fato muita tendência para levar a vida na flauta, mas não é no sentido que o pai imaginava. Sua grande vocação eram as aventuras de rua, ao lado dos bandos de moleques do bairro. Desses grupos faziam parte garotos como o pretinho João da Baiana e o vendedor de roletes de cana José Luiz de Moraes e que todos conheciam por caninha doce ou simplesmente caninha.
O pintor Ernesto Barbosa, inconformado com a falta de sopro de José para os altos desígnios da arte, chegava ao extremo de esconder-lhe as calças deixando-o apenas de camisola para obrigá-lo a ficar estudando dentro de casa. Com apenas dezessete anos Sinhô resolve apaixonar-se por uma moça do bairro do Catete, e tantas histórias bonitas lhe conta, que afinal a conquista e seduz. A moça, a portuguesa Henriqueta Ferreira, de dezesseis anos.
Em 1905 Sinhô começava a ensaiar-se com pianista. Jose Barbosa da Silva começou uma peregrinação de bairro em bairros, arrastando ao seu lado a inocente Henriqueta. Desde o início da experiência Marital, em uma casa de São Francisco Xavier, para onde levou inicialmente Henriqueta. O casal tiveram três filhos: Durval, Ida e Odális. Novamente no centro da cidade, em 1909. Em 1914, morre Henriqueta, deixando-o com três filhos, José irá entregar-se definitivamente à boêmia que nunca pudera deixar, ao menos como parece indicar um anúncio do Dragão clube Universal, do largo do Catumbi, que em 1910 o apontava como o seu pianista.
A partir da viuvez, de qualquer forma, ia desaparecer de uma vez por todas o homem que não tinha jeito para a flauta nem para pai de família, surgindo em seu lugar J. B. da Silva – o pianista e compositor Sinhô, que o grupo carnavalesco dançante Netinhos do Vovô já podia anunciar como responsável pela animação de seu baile da noite de 14.01.1915.
Jose Barbosa, aos 26 anos, lançava-se para fama como pianista, tocando em clubes da chamada cidade nova, que tinha como centro a famosa praça 11 de junho. O início da carreira de Sinhô como compositor de sambas carnavalescos em 1918, com o samba Quem são Eles?, estava destinado a revelar no filho do velho pintor Ernesto um talento que o pai jamais teria suspeitado naquele moleque vadio que prendia em casa, de camisola: a capacidade de autopromoção.
Sinhô teve Mário Reis, como seu intérprete preferido e para Heitor dos Prazeres, Sinhô era o “Rei dos meus Sambas”.
Morreu em decorrência da Tuberculose, no Rio de Janeiro, no dia 4 de agosto de 1930.
Compôs várias músicas, entre elas.
O pé de Anjo, Sai da Raia, Não Quero Saber mais Dela, Alegrias de Caboclo, Gosto que me Enrosco, Cansei, Jura…
Jura foi o primeiro triunfo fonográfico de Mário Reis, apesar da gravação de Aracy Cortes, que é do mesmo ano. Atribui-se o samba (feito especialmente para o estilo macio e confidencial de Mário Reis) a uma “Dor-de-Cotovelo” de Sinhô.
JURA (ZECA PAGODINHO)
Autor: Sinhô
Leo dos Monges