É um desafio falar em esperança, principalmente nestes dias tão impactados pela intolerância, pelo medo e pela absurda insegurança instaurada em todo mundo. Os meios de comunicação divulgam todos os dias notícias que aterrorizam a todos nós. É comum ouvirmos as pessoas dizerem: Saímos de casa, mas não sabemos se iremos voltar. O medo se faz presente na vida de forma tão marcante que tem sido objeto de estudos em diversas áreas do conhecimento. Então, num contexto nacional e internacional tão turbulento há espaço para falar sobre esperança? Acredito que sim!
Quero falar hoje caro/a leitor/a sobre esperança. Faço isto por acreditar que precisamos retomar essa temática cotidianamente. Não farei isto fundamentada em nenhuma corrente filosófica ou teológica. Falarei orientada pelas minhas vivências. E quando eu falo vivências, é porque não me entendo como um ser isolado, mas um ser em relação, ou seja, as minhas vivências contemplam o/a outro/a, seja no trabalho, no ônibus, na família, na fila do banco…
São justamente nesses espaços que tenho sentido falta de diálogos que acendam a esperança, que a desejem, que apontem para perspectivas alegres. Geralmente as conversas giram em torno do que os telejornais divulgam. E neste contexto, muitas pessoas reproduzem as notícias sem questionar, muitas vezes, as ideologias que as balizam. Ao fazer isto não conseguem perceber que podem contribuir para a reprodução de uma lógica preconceituosa, discriminatória que criminaliza a pobreza e alguns segmentos sociais e religiosos.
Precisamos convidar a esperança para os nossos diálogos, para partilhar conosco a composição dos nossos projetos e sonhos. Não entendendo a esperança como algo abstrato, distante demais para ser sentida. A esperança é uma motivação que inspira ações conscientes, capazes de contribuir para superação do atual quadro de desesperança, medo, descrença e insegurança. A esperança é a semente que faz brotar os sonhos, as utopias, os projetos, as possibilidades de uma nova ordenação social, na qual o ser humano possa ter a oportunidade de fazer escolhas, nas quais as possibilidades sejam concretas.
A esperança está ao alcance de todo/as. A pessoa que nutre a esperança olha adiante e acredita a despeito da realidade que a nega. Ele avança mesmo quando a força do vento dificulta seus passos. Ele é capaz de perceber possibilidades onde ninguém mais vê.
Caro/a leitor/a, estamos iniciando 2015 e precisamos, alimentados pela esperança desejar, acreditar, que outro mundo é possível, senão caminharemos uns com medo dos outros, impacientes, intolerantes.
Devemos nos encher de esperança e animados por ela projetar, conscientemente, um amanhã, no qual valores como: respeito, liberdade, amizade, solidariedade… sejam, efetivamente, reconhecidos como princípios capazes de ordenar e orientar as ações humanas.
Agora para mudar é preciso que cada um/a de nós façamos a nossa parte. Não é ficar pensando, especulando a respeito. Para que a esperança tome os corações do desesperançados é necessários que os esperançosos ajam. Encerro com a provocação de Paulo Freire:
“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…” (Paulo Freire).
Até a próxima semana.
Valdenice José Raimundo
Doutora em Serviço Social
Docente na Universidade Católica de Pernambuco
Líder do Grupo de Estudos em Raça, Gênero e Políticas Públicas – UNICAP
Coordenadora do Projeto Vidas Inteligentes sem Drogas e Álcool – VIDA.
Endereço para acessar este CV:
ESPERANÇA
Quero te parabenizar maninha pela conquista desse espaço, onde poderás expandir uma palavra de ESPERANÇA consciente, viva. Porque falar de ESPERANÇA em dias atuais, é contradizer o pensamento de muitos, onde a violência é falada e visualizada por todos.
Se ao menos o ser humano parasse um pouco, só um pouco do seu mundo tão corriqueiro, fatigante e antes de repousar a sua cabeça em seu travesseiro, navegasse em seu interior, mergulhando-se profundamente em seu mar de fracassos, impaciências, limitações, inseguranças… veria e sentiria na própria pele sua imaturidade de tratar com as suas dificuldades pessoal e social.
Saberemos o que significa ESPERANÇA quando aprendermos a lidar com nossas ansiedades, intolerâncias, fobias… Mas, vejo o homem facilmente prisioneiro do seu EU. Da ambição. Do egoísmo. Dificultando assim, a convivência saudável, amigável, honesta.
ESPERANÇA é sacudir! É olharmos como irmãos em uma única direção, porém que nos leve a aceitarmos um ao outro com mútuo respeito. Sem apontar. Sem julgar a imperfeição alheia, porque não somos feitos de materiais diferentes da terra, do barro, do pó que sobrou.
ESPERANÇA é cativar! É animar o próximo com recursos humildes e incentivadores. É encarar a realidade com intenções provocantes de continuar, mesmo que a situação exija que paremos. É alimentar o irmão com a porção da partilha, não da sobra.
ESPERANÇA não é só esperar, é mudar. É querer desejar o melhor não só para benefício próprio, mas para todos com uma igualdade desejada até por Aquele que nos dá ESPERANÇA – Jesus.
Que possamos alimentar nossas mentes daquilo que nos traz ESPERANÇA – (Palavras do Mestre Jesus)
A autora diz não querer falar de esperança de reportando à teologia, e nem a correntes filosóficas.
Entretanto encerra o texto co o que se tem de pior na educação brasileira: Paulo Freire!
Ora, mesmo sem se-lo o dito esquerdista paulo Freire é tido como um pensador/filosofo!
Boa autora esperança é termo desenvolvido, primeiro na teologia, e depois copiado pelos “ismos” dos mundo.
A senhora nunca divagará bem sobre o “esperançar” tirando essa virtude teologal de seu campo metafísico, religioso.
Boa tarde.
P.S.: com Paulo Freire a esperança não existe: olhe nossa educação e verá, isso é empírico.
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