Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial – por Valdenice José Raimundo

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A comunidade negra e todos/as sensíveis a sua luta, têm neste dia um momento para refletir e lutar pelo fim da Discriminação Racial. O dia faz alusão ao Massacre de Sharpeville, quando em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul, vinte mil pessoas faziam um protesto contra a Lei do Passe, que forçava a população negra a transportar um cartão que continha os locais onde era tolerada sua circulação. No entanto, mesmo sendo uma manifestação pacífica, a polícia do regime do apartheid atacou com grande violência os manifestantes que estavam desarmados, resultando em 69 mortos e 186 feridos.

O massacre de Sharpeville aconteceu há 55 anos, mas a luta contra a discriminação racial é muito antiga e ao mesmo tempo atual. Antiga porque, no caso do Brasil, desde que o primeiro negro rebelou-se e fugiu para o quilombo foi iniciada a luta contra a discriminação racial. Atual porque, apesar das diversas lutas e conquistas da população negra ao longo dos anos, temos ainda um quadro de desigualdade profunda.

É bem verdade, e se faz importante registrar, que no Brasil existem outros grupos étnicos, a exemplo dos indígenas (povos originais) e ciganos que também sofrem os impactos de uma organização social que aprofunda as diferenças como meio para dominação. É inadmissível perceber que em pleno século XXI existam pessoas que olhem para o diferente e o julgue como desigual em razão da cor, da classe, do gênero, da orientação sexual, etc.

A população negra na diáspora tem historicamente resistido, por meio dos movimentos negros às diversas formas de expressão do racismo  sendo a discriminação uma dessas expressões.

A luta pela eliminação da discriminação racial precisa tornar-se bandeira de luta de todos que acreditam que – A vida foi doada pelo Criador em corpos diferentes, mas para seres humanos iguais.

Não podemos perder de vista que somos todos do gênero humano. É certo que enquanto os negros forem tratados como desiguais a manutenção da luta se faz extremamente necessária. Demandamos não apenas pelo reconhecimento que somos todos do gênero humano, mas que todos sejam tratados igualmente como tal.

A defesa dos direitos humanos passa por um compromisso ético e político. É um convite a um posicionamento a favor da vida, do belo, da esperança, da alegria, da criatividade que deve ser compartilhada por todos e não apenas por alguns.

A discriminação racial compromete a pessoa que dela se utiliza para humilhar o outro e impacta perversamente aquele/a que é humilhado. Compromete, porque fica visível que uma pessoa que se utiliza desse expediente vincula-se a valores que não têm como fim a felicidade de todos. Impacta perversamente porque é uma tentativa de “retirar” do outro sua capacidade de sonhar, projetar, caminhar com os pés firmes nessa terra de meu Deus.

Discriminar é uma atitude que fere os direitos humanos. Logo é um ato desumanizador.

Então, se é para discriminar por que não discriminamos positivamente?

Na próxima semana continuaremos com esse diálogo.

Até lá!

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Valdenice José Raimundo
Doutora em Serviço Social
Docente na Universidade Católica de Pernambuco
Líder do Grupo de Estudos  em Raça, Gênero e Políticas Públicas – UNICAP
Coordenadora do Projeto Vidas Inteligentes sem Drogas e Álcool – VIDA.
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  1. Parabenizo a doutora Valdenice por seus escritos e acrescento. Onde a imbecilidade atinge seu ápice, é no preconceito de cor, pois se soubessem os ignorantes, que o fato que fez esta raça ter a cor que tem, é simplesmente a de ter sua origem num continente predominantemente ensolarado, o qual a pele clara não resistiria, nem o cérebro aguentaria a temperatura. Por isso a seleção natural se encarregou de escurecer a pele e enrolar os cabelos para assim aerados, protegerem o cérebro das altas temperaturas. Ora o que mais esta raça que já nos deu em diversas áreas, seres humanos maravilhosos, tal como Nelson Mandela (madiba), que passou 27 anos preso, dos quais 18 em uma solitária de 1,60 M2 sem poder esticar o corpo, pois media ele 1,83 de altura. Tudo em nome de um ideal chamado “igualdade racial” e que alguns insistem em desacatar. É para pessoas assim que existe uma frase que diz: “A inteligência tem limite, mas a imbecilidade não”.
    João do Livramento.

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