Momento Cultural: Beco – por GUSTAVO FERRER CARNEIRO

Gustavo Ferrer Carneiro 

Acordo ou durmo?

Uma rua estranha

Sem mantra

Sem caminho…

 

Me deparo em um beco

Sozinho…

 

Será sonho

Ou lembrança?

 

Remonta infância

Tempo de criança

Beco do Dêzinho…

 

Beco com ou sem saída

Desperdício?

Uma sábia medida…

Para se subir na vida…

 

Um túnel escuro

Obscuro…

Com cheiro de urina

Sujeira, ruína…

 

Nem o trem mais passará

São recortes do passado

Entre couros e sapatos

Um bom papo a desdenhar…

 

Luther king vai passando

E o carro atropelando

Aquele animal vistoso…

Figura que fez história

Que mexeu nos corações

E a cativa na memória

De tantas gerações.

 

Lembranças de antepassados

Inteligente, atualizado

Operário obstinado

Um papo mais que agradável.

 

O beco ficou

Mas a lembrança continua

Homenageando um negro e aleijado

Ironia quase nua

 

Nesse beco, nessa rua

Alguém que só fez amizade

Brincou, riu e fez gente sorrir

E mais que tudo

Foi exemplo de ombridade

Deixou amigos,

Levou saudade.

 

(MOSAICO DE REFLEXÕES – GUSTAVO FERRER CARNEIRO – pág. 24 e 25).

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