Acordo ou durmo?
Uma rua estranha
Sem mantra
Sem caminho…
Me deparo em um beco
Sozinho…
Será sonho
Ou lembrança?
Remonta infância
Tempo de criança
Beco do Dêzinho…
Beco com ou sem saída
Desperdício?
Uma sábia medida…
Para se subir na vida…
Um túnel escuro
Obscuro…
Com cheiro de urina
Sujeira, ruína…
Nem o trem mais passará
São recortes do passado
Entre couros e sapatos
Um bom papo a desdenhar…
Luther king vai passando
E o carro atropelando
Aquele animal vistoso…
Figura que fez história
Que mexeu nos corações
E a cativa na memória
De tantas gerações.
Lembranças de antepassados
Inteligente, atualizado
Operário obstinado
Um papo mais que agradável.
O beco ficou
Mas a lembrança continua
Homenageando um negro e aleijado
Ironia quase nua
Nesse beco, nessa rua
Alguém que só fez amizade
Brincou, riu e fez gente sorrir
E mais que tudo
Foi exemplo de ombridade
Deixou amigos,
Levou saudade.
(MOSAICO DE REFLEXÕES – GUSTAVO FERRER CARNEIRO – pág. 24 e 25).