RECORDAR É VIVER – NO TEMPO DE EU MENINO

(A Cascatinha da Matriz e Manoelzinho de Horácio)

Papai me contava e mamãe assevera que quem construiu essa praça, chamada Dom Luis de Brito, foi Horácio de Barros, pai de Manoelzinho Rangel. Depois, diz que Horácio de Barros não foi à inauguração da obra, porque estava acometido de Tifo. Assistiu ao evento, debruçado na janela de sua casa, na Rua Imperial, popularmente conhecida como Rua do Meio.
Era nessa Cascatinha que Manoelzinho de Horácio tomava cachaça com caramelo de menta, contava piada, soltava lorota e empulhava o mundo.

Manoelzinho de Horácio partiu para a Eternidade aos 73 anos, já faz algum tempo. Ele contava que o médico que lhe tirou o baço e garantiu-lhe um ano de existência morreu primeiro.

Certa vez, Manoelzinho de Horácio me contou que fez um frio tão grande em Vitória de Santo Antão que o Leão Coroado, na frente da Estação Ferroviária, saiu do monumento e foi se esconder dentro de uma barbearia do outro lado da Praça.

Manoelzinho de Horácio era jogador de futebol. Diz que, um dia, ele foi bater um pênalti, quando o adversário Tenente Índio o ameaçou: – Se fizer o gol, me apanha!

Manoelzinho não teve dúvida, furou o gol e saiu correndo do estádio José da Costa, solto na buraqueira, pelo Dique afora.

Sosígenes Bittencourt

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  1. Manoelzinho de Horácio era amigo de copo de Duval, esposo de Adi, que aplicava injeção em domicílio. Quando Duval faleceu, de tanto entornar manguaça, todos imaginavam que Manoelzinho estava na prancheta do anjo para também evolar-se deste mundo. No entanto, Manoelzinho desfilou por décadas, de bar em bar, bebericando pelas ruelas da gleba vitoriense, soltando pulha e sepultando a velha irmandade da cachaça.

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