A abertura da CPI da Petrobras não poderia ser mais animada do que ao cantarolar da doleira Nelma Kodama, amada e amante do doleiro Alberto Youssef.
Nelma prefere ser cínica a ser violenta. O violento, em geral, não quer argumentar nem se defender, ele quer se vingar. Já o cínico quer explicar, justificar, debater e denunciar. Sem querer associar a palavra cínico aos filósofos gregos Sócrates e Diógenes, Nelma fala a verdade tão escancaradamente, que termina conferindo um certo tom filosófico ao seu depoimento.
Sem papas na língua, Nelma diz que sem corrupção não há elegibilidade nem governabilidade. Ou seja, ninguém se elege nem governa sem corrupção. E ainda busca provar. Diz que bastou botar uma moralzinha na corrupção e o país parou, nada funciona. Talvez, queira dizer que o povo foi às ruas quebrar a nação, não por causa da corrupção, mas por causa da disfunção, o país tornou-se disfuncional.
Nelma fica de pé, volta as nádegas para os deputados e enfia a mãos nos bolsos para mostrar que os euros que conduziu não estavam na calcinha. É um verdadeiro espetáculo de verdades incontestavelmente ridículas ou ridicularias verdadeiramente incontestáveis.
Quando canta Amada Amante, do Rei Roberto Carlos, revela o quanto amou e foi amada por Youssef, repoltreados na mamata e na impunidade, quando foram doleiros eficientemente corruptos e fielmente amorosos. Obviamente.
Tragicômico abraço!
Sosígenes Bittencourt