Meu rudado mais fino
Passo escanhoado
Aquele cavalgar abafado
Minha prenda mais amada
Montai em meu cavalo
Libertando seu júbilo
Estando só com meus pensamentos
Na passada me faz bem
No galope martelado
Chega mais rápido
Sentindo os ventos alísios no rosto
As gotas de chuva no peito
Ao passo monógamo
Em busca de pequenas vitórias
Quem sabe…
Grandes fracassos
O outro caxito
Deixa saudade
Estrela na testa
Pé esquerdo branco – ajé…
Na carreira desmedida
Pega o rabo do boi
Prega no pescoço
Dois cavalos dois vaqueiros
Tênue como névea
Asas que atem sem ruídos
Na poeira, no riacho
Nas barreiras
Na faixa
O chão se abre,
No sucesso do valeu
Engole cavalo, cavaleiro e boi
Reservas transcendentais
Naquele cavalgar abafado
Levanta os pés no meio da poeira
Pelo lusidio
Correndo por entre as juremas
Somem-se no meio da noite
O cavalo estropiado
Não se entrega
Como lampejo de relâmpago
Em noite de tempestade
Crava-lhe as esporas
O cavalo risca
O sangue desce
A realidade cobra
Tem que aceitá-lo ou rechaçá-lo
Sorridente e carrancudo
Se detendo na raiz do coração
Em busca da mulher amada
Tem gado, tem vaqueiro
Tem corrida de Mourão
O que vale é boi no chão
É a lei da Vaquejada
(MOSAICO DE REFLEXÕES – GUSTAVO FERRER CARNEIRO – pág. 31).