O cigarro é um ansiolítico e, como tal, acalma e inspira. Tudo que retira você de uma ansiedade, instala uma paz, um sossego inspirador. Eu fui fumante e conheço esses efeitos e artimanhas do tabaco, cujo bem-estar que promove estipula cobrança onerosíssima. Sobretudo quando, ele próprio, produz ansiedade, num covarde efeito cíclico.
Contudo, deixei a “Chupeta do Satanás” para não morrer de falta de ar. Provavelmente, um médico me convenceu, quando o procurei para me socorrer de uma dispneia.
Morrer é melhor do que falta de ar. Morrer é uma vez, falta de ar é morrendo, é o gerúndio da morte. É como se você morresse várias vezes.
Um dia, um aluno me perguntou: – Professor, o senhor tem medo da morte?
Ao que respondi: – Não, meu filho, tenho medo de falta de ar.
Sosígenes Bittencourt