Muita gente tem sentido um clima de mudança na cidade, que em parte está sendo reforçada pela retórica dos nossos representantes ao insistirem que “2016 é o ano da mudança”. Mas se prestarmos um pouco de atenção na nossa história vamos perceber que Vitoria de Santo Antão tem perdido cada vez mais sua vocação rural e se encaminhando para uma vocação urbana: industrias, expansão do centro comercial etc. Por isso que nos últimos 50 anos, os nossos representantes foram mal ou bem de correntes do modelo político dos coronéis, mas agora cada vez mais teremos propostas de candidatos que cresceram a partir do comércio na cidade.
Também vale notar o fortalecimento da imprensa na cidade, que sempre foi tradicional, mas agora está sendo beneficiada pelas novas tecnologias. Só quem tinha capacidade de falar para a população eram os detentores de meios eletrônicos e os jornais locais. Entretanto, a internet, a facilidade de criar um blog e de circular informação facilitaram muito esse processo, ampliando nossos espaços de discussão pública.
Mas há outra coisa mais legal ainda em tudo isso: a juventude (não aquela da idade, mas a do espírito) tem mostrado a cara. É impressionante a quantidade de coletivos que tentam propor alternativas culturais e de políticas públicas, em virtude da insuficiência do poder executivo e legislativo de atender a um cidadão cada vez mais exigente. E essa classe jovem não esta aqui à toa, pois a oferta de escolas, faculdade públicas e privadas, os ônibus dos estudantes, a proximidade com a capital, tudo isso vem influenciando a permanência de gerações cada vez mais instruídas na cidade.
Assim, é preciso perceber que estamos passando por um momento de clivagem histórica: finalmente temos ambiente intelectual e cultural para poder reivindicar melhorias na cidade. Os valores da cidadania estão ganhando aos poucos as mentes e os corações das pessoas, nossa esfera pública está se alargando (com a imprensa e os debates públicos) e nossas mentes pensantes estão cada vez mais ficando na cidade. Trata-se de um lento despertar.
Muitos tocariam o Bolero de Ravel para celebrar este momento. Mas o #Aposente, por amar o Brasil, celebra com outra trilha sonora, Pipoca Moderna: “Pipoca ali, aqui, pipoca além. Desanoitece a manhã. Tudo mudou…”
Está chegando a hora da juventude colocar a cara no sol.