Numa noite assim
de vento gelado a almas mortas
maus presságios e calafrios
foi-se a donzela.
Numa noite assim
sem esperança de aurora
nem sombra de lua
foi-se a donzela.
Foi a donzela
para nunca mais.
Onde se esconde
sua mantilha de rendas?
Sua grinalda de rosas
onde estará?
Seu coração magoado
de ilusão pulsa ainda?
Em que terra crua
seu cabelo é guardado,
Numa noite assim
de estrelas comidas
em ginete de fogo
seu amado passou
três assovios à porta
e sua amada levou
e em três passos de espera
a sua vida sugou.
Em três passos de espera.
(em TAMPA DE CANASTRA)
José Tavares de Miranda, vitoriense nascido a 16 de novembro de 1919, filho do Prof. André Tavares de Miranda. Fez os primeiros estudos na Vitória, sob os cuidados do seu genitor, e transferiu-se para o Recife, onde teve grande atuação na imprensa. Mudando-se para São Paulo, ali concluiu o seu curso de Direito (iniciado na Faculdade de Direito do Recife) na Faculdade de Direito do Largo S. Francisco, em 1939. Escritor, jornalista e poeta. Teve vários livros publicados inclusive de poesias, sendo estes últimos reunidos em um só volume: TAMPA DE CANASTRA. Faleceu em São Paulo (Capital) a 20 de agosto de 1992.