A desdita desse cego,
não há, na terra, quem sonde,
pecados não cometeu,
pelos pais, não responde.
A alma, porém, desse irmão
verá, sempre, a Lei cumprida:
– pagará todos os crimes,
Praticados noutra vida.
Se esta não fosse a verdade,
se esta não fosse a lição,
crime nefando haveria,
nesta injusta punição.
* * *
É bem certa esta notícia,
que nesta quadra, repito:
– minh’alma já tem saudade
das paisagens do Infinito.
Na carta que me escreveste,
naquele estilo tão fino,
não escondeste de mim
o rumo de teu destino.
* * *
Praticando caridade,
não dê, somente, dinheiro,
dê, também, paz, esperança,
ao inditoso companheiro.
* * *
Fui marujo, em outras vidas,
visitei terras geladas,
em cada porto deixei,
três ou quatro namoradas…
* * *
Persegues o Nazareno?
Olhas o mundo, com asco?
Um dia, ouvirás Jesus,
Numa estrada de Damasco.
Estás aflita, intranquila,
com o peso desta cruz?
– Pede, a Jesus, paciência,
E terás sossego e luz.
(migalhas de poesia – Célio Meira – pág. 35 a 37).