Em virtude dos avanços tecnológicos, hoje, acessar, interagir ou produzir conteúdo para internet tornou-se algo tão simples quanto beber um copo com água. Comprar, vender ou se “juntar” remotamente, sobretudo em tempos pandêmicos, virou uma realidade insofismável. Em meio a tantas facilidades, mudanças e avanços constantes, cabe-nos, ao menos, refletir: será mesmo que tudo na internet é “de graça”?
Com poucos clicks, pilotando um aparelho celular “mais ou menos”, qualquer internauta poderá criar uma conta nas redes sociais e virar influencer digital. Nesse contexto, a palavra de ordem é “monetização”. Será que esse conteúdo produzido para os stories – que se evaporam em horas – mais adiante, terá alguma serventia para o além da compra e venda de serviços ou produtos? Eis aí, portanto, o grande “X” da questão quando alguém se propõe a produzir conteúdo imperecível para internet.
E quando esse conteúdo tem valor social, político, cultural, histórico e é totalmente identificado com uma determinada comunidade? Quanto deverá custar e quem deverá remunerar essa produção?
Esse é um debate que já entrou na grande pauta da rede mundial de computadores, ou seja: quem deve remunerar o produtor do conteúdo imperecível, disponível através dos sites e buscadores da internet?
Certa vez ( corria o ano de 2015), na capital paraibana, participei de um encontro nacional de blogueiros. Nos muitos painéis com palestras variadas acompanhei, entre outros, um que falava justamente na direção da monetização dos blogs. Uma blogueira da cidade do Rio de Janeiro, em sua apresentação, exibiu números interessantes de receita mensal e, entre outras coisas, disse:
“Eu não conto com patrocinadores, quem remunera a produção do meu trabalho, disponível a todos, no meu jornal eletrônico, são os meus leitores, espelhados pelo Brasil e até no exterior, porque minhas postagens dialogam com um público específico.”
No quesito financeiro, a mesma apontou o caminho das pedras: “recebo tudo via cartão de crédito. Tudo eletronicamente.” Arrematou.
Pois bem, atentamente, ao ouvir aquele “case” de sucesso, confesso, saí de lá entusiasmado no sentido da tão sonhada monetização do blog, afinal, tudo que ela elencou como “produto diferenciado”, mesmo involuntariamente, eu já o praticava, ou seja: produção de conteúdo único e justamente direcionado a um público especifico, isto é: Vitória e/ou os vitorienses. Aliás, é bom que se diga que desde o primeiro dia em que o blog foi ao ar, há mais de uma década (25/06/2011), a frase do nosso “topo” nunca mudou o tom: o centro do meu mundo á a minha cidade.
E o porquê, à época, da não execução da operação carioca em terras antonenses? Justifico: esbarramos na funcionalidade do cartão de crédito. Após algumas sondagens com o nosso público alvo, naquela ocasião (há seis anos), por certa desconfiança do sistema boa parte revelou-me não utilizava o seu cartão em operações na rede mundial de computadores, mas, em momento algum, refutou o reconhecimento ao trabalho. Assim sendo, naquela ocasião, achei melhor não avançar no processo de monetização voluntária.
É bom que se diga, também, que desde o primeiro jornal impresso ( O Vitoriense), editado e publicado na Vitória de Santo Antão, no longínquo 05 de novembro de 1866, por Antão Borges Alves, então com 22 anos, floresceu e frutificou em nosso solo a veia jornalística. Ainda sobre os “impressos”, fomos a 5ª cidade pernambucana a desfrutar dessa nova ferramenta de progresso. Aliás, até os dias atuais, ostentamos 1º lugar em quantidade de títulos. Sem esquecer, claro, ” O Jornal Lidador” que foi o mais longevo (em circulação) do interior do Nordeste e talvez do Brasil, salve pesquisa mais aprofundada. Sem nenhum demérito às outras cidades, Vitória, na cena jornalística impressa, sempre foi robusta.
Com efeito, foi justamente através das pesquisas em documentos oficiais, registros de igrejas e cartórios, da oralidade e experiências vividas e sobretudo nas páginas dos nossos jornais que o Mestre Aragão conseguiu montar o maior e mais completo “diário” do interior do Brasil, com a obra “A História da Vitória de Santo Antão” – em 3 volumes. Uma espécie de “Bíblia” das nossa gênesis. .
Assim sendo vale destacar, com letras garrafais, que repousam nas páginas desses jornais impressos, bem acomodados no acervo do nosso Instituto Históricos e graças ao operoso trabalho da atual gestão do Instituto Histórico, sob o comando professor Pedro Ferrer, alguns títulos já encontram-se totalmente digitalizados e disponíveis aos internautas, através da Biblioteca Nacional, ou seja: um patrimônio de valor incalculável para toda sociedade antonense.
Para tudo isso haver sido concretizado, entre inúmeras variáveis, pelo menos duas merecem destaques:
A primeira – e maior de todas –, diz repeito ao sentimento de amor a causa, de espírito cívico e verdadeira devoção com o seu torrão natal e, sobretudo ao sacerdócio daqueles que encontraram na causa da imprensa uma maneira de servir à coletividade, sem maiores ambições e interesses próprios. Com destaques para: Antão Borges Alves (pioneiro), José Aragão, Oliveira Maciel, Pedro Albuquerque, José Miranda, Guedes Alcoforado e etc.
A segunda, por assim dizer, devemos tributar aos que colaboraram com recursos financeiros, seja na forma de anúncios comercias ou na imprescindível “assinatura” anuais e semestrais. Nos arquivos da história local, não são raros os depoimentos emocionantes daqueles que militaram na imprensa escrita antonense realçando o auto-calvário financeiro no sentido da manutenção do trabalho. Destaquemos, contudo, que esse material produzido, atualmente, reflete o cotidiano dos nossos antepassados e diz muito do que somos hoje, como indivíduos e comunidade, em constante e frenética movimentação dialética.
Atualizando o cenário, aos dias atuais, em que o jornalismo impresso em larga escala encontra-se desidratado, “jornal digital” passou a ser ferramenta de primeira necessidade, principalmente em tempos de desinformação e “Fake News”, bombardeadas insistentemente nas mais diversas plataformas digitais, nas redes sócias. Se bem observado, já não se acessa mais às páginas eletrônicas dos grandes jornais confiáveis sem à devida remuneração mensal. Isso já é uma realidade.
Assim sendo, por manter no ar disponível a todos os internautas, de qualquer lugar do mundo, o nosso robusto conteúdo com mais de 26.600 postagens e quase 4.900 vídeos, fora os mais de cinco milhões de arquivos digitalizados que repousam aos nossos cuidados, todos originais e vinculados ao nosso lugar – Vitória de Santo Antão, a partir de hoje, 27 de julho de 2021, estamos instituindo a chamada “CONTRIBUIÇÃO VOLUNTÁRIA”. Nesse novo modelo, o internauta poderá contribuir com “qualquer valor”, através de um “PIX”, no sentido da manutenção desse trabalho de divulgação e preservação das coisas nossa terra. Com o PIX, toda operação tornou-se segura, fácil, ágio e sem qualquer burocracia.
Portanto, após mais 10 anos produzindo conteúdo local com isenção e qualidade, principalmente de valor histórico incalculável o Blog do Pilako passa a contar, doravante, com o apoio voluntário do internauta, se assim lhe convier. De resto, é o que temos para hoje nessa nova etapa do nosso jornal eletrônico, intitulado BLOG DO PILAKO.