Foto do Acerto do IHGVSA – Foto cedida pela historiadora Savana Santos
Por iniciativa do bom vitoriense Antão Borges Alves, em 05 de novembro de 1866, nossa cidade, Vitória de Santo Antão, foi “apresentada” à imprensa. Vinte anos mais tarde, 9 de janeiro de 1886, com a inauguração da Estrada de Ferro, ou seja, com chegada do trem no nosso torrão, os moradores da Terra de Mariana Amália passaram a receber, vias jornais da capital, regularmente, as noticias do Recife, do Brasil e do mundo.
Muito bem, fiz esta breve apresentação, aparentemente despretensiosa, para adentrar no verdadeiro assunto. Esta semana, com a ajuda do amigo Pedro Ferrer, consegui fechar minha coleção de revistas do Instituto Histórico da Vitória, diga-se de passagem, a primeira lançada em 1954.
Pois bem, de posse, dos números que me faltavam, entre eles, o volume 9 lançada em 1986, me deleitei na leitura. Entre tantos outros magníficos artigos, encontrei um, cujo título era: HOTEL FORTUNATO: INVENTÁRIO DA MEMÓRIA. Escrito pelo preparado jornalista, cronista, escritor vitoriense e amigo, Ronaldo Sotero, revela-se uma verdadeira obra prima.
No bojo do seu artigo, o amor pela sua terra natal é exalado de forma gigantesca. Do seu avô, fala com orgulho e devoção quando relata: “meu avô, Alfredo Sotero, escreveu por mais de 40 anos, sem ter recebido sequer uma caneta”.
Com relação às reuniões dos homens importantes da época, em frente ao luxuoso Hotel Fortunato, para esperar os jornais da capital ele relatou, nas páginas da revista, o seguinte: “o sinal da locomotiva anunciando a chegada era motivo para que a reunião fosse interrompida e as atenções se concentrassem no gazeteiro”.
Sobre um dos pontos urbanos mais importante e visitado da época, ele sentenciou: “O Hotel Fortunato, que assistiu impávido à passagem de Getúlio Vargas, de Cleto Campelo e suas forças e de outras figuras de notoriedade, não resistiu ao preço do progresso e transformou-se hoje em mais ponto comercial do consumismo”. Finalizando seu artigo, Ronaldo arremata: “Com o fim do Fortunato, acaba também um pouco da Vitória amena e fagueira”.
Gostaria de encerrar estas linhas, reconhecendo no amigo Ronaldo Sotero, não só pelo seu artigo, ora evidenciados, mais por tudo aquilo que fez na imprensa da cidade, mais também, pelo que ele realizou, e ainda realiza de bom pela nossa Vitória, eis aí, então, entre tantos, na minha opinião, um VITORIENSE INOXIDÁVEL.