Dra. ANA VERUSA CUNHA DE SOUSA – por Sosígenes Bittencourt.

(Parabenizando-a pelo transcurso de mais uma data natalícia)
Conheci-a no oitão da Igreja Matriz de Santo Antão, eventualmente, num Domingo, à noite, apropriado teatro para sua vocação religiosa, sua catolicidade teórica e praticante.
Animada, fluente na conversa, dissertava sobre assuntos mais diversos e manifestava o interesse por variedades, como tocar piano, falar duas línguas neolatinas: francês e italiano – e uma anglo-saxônica: inglês. Colecionadora de antiguidades, também versejava, embora não revelasse interesse de editar livro até então.
Na correnteza esperta do tempo, como no dizer do poeta Drummond, fomos consolidando amizade, fundada na preocupação intelectual com o Universo.

Pouco poderia imaginar que, lá adiante, tanto iria precisar de seus saberes científicos, médicos, como especializada em Endocrinologia, não obstante experiente em Clínica Geral, resgatando-me o ombro de uma dolorosa bursite e a vida do acometimento da Covid-19. Diagnóstico e medicação sem pestanejar, lépida, despachada, e combate efetivo das enfermidades. Uma eficiência, acendrada no conhecimento, adquirido com a aplicação da inteligência, ressaltando-lhe a Sabedoria. Como diziam os gregos: A Inteligência é uma faculdade humana, cuja virtude é a Sabedoria (Sofia).

Por tudo exposto, já não era sem tempo, manifestar o meu agradecimento pelas dádivas e fazê-lo em nome de minha cidade, pelo resgate de tantas vidas, ora acorrentadas a doenças, ora no limiar da morte, durante 16 anos e 11 meses de medicina horária, assídua em Vitória de Santo Antão.

Palmas e muito obrigado!
Muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

ENCONTRO CASUAL GRAMATICAL – por Sosígenes Bittencourt.

(Há 5 anos)
13 de novembro de 2019.

Encontrei-me, casualmente, com o curioso amigo Cristiano Pilako, na avenida 15 de novembro, em Vitória de Santo Antão, ladeado por minhas mãe, Damariz, e tia Ricardina, quando fui interpelado sobre uma dúvida na área da Língua Portuguesa.

Na realidade, a pergunta era a seguinte: quando se deveria usar “tem de” e “tem que”.
O uso correto, desde antigamente, é “tem de”, porque o “que” refere-se a um termo anterior, é pronome relativo. Como no exemplo: É possível que você tenha que me emprestar o carro hoje. (Observe que “tenha que” refere-se ao termo anterior “você” e indica uma possibilidade.)

Já, na oração, “A Prefeitura teve de indenizar os garis” – observe que “teve de” refere-se a um termo posterior “os garis” e indica obrigatoriedade ou necessidade. Compreende?

Agora, por causa do uso coloquial do “tem que”, praticado como uma anomalia gramatical prepositiva, foi absorvido como normal, não causando demérito a quem usa nem reprovando o incauto usuário.

Sosígenes Bittencourt

 

MOMENTO NA PIZZARIA CHAPLIN – Sosígenes Bittencourt.

(Há 12 anos)
Um dia, me perguntaram o que eu achava do FUTURO. Ao que respondi: – Só há um remédio para o futuro: a esperança.
– E o PASSADO, professor: – O passado pertence à memória, passado é sinônimo de lembrança.
– E o PRESENTE, amado mestre?
– O presente deve ser confeccionado com cuidado, para não termos que sofrer com sua recordação.
(A Pizzaria Chaplin era de propriedade de Maria Selma de Lima, a menina de Tracunhaém.)
Sosígenes Bittencourt

CASO DE NÃO SE CASAR – por Sosígenes Bittencourt.

Por que o senhor não se casou ainda?
Medo de ter que fazer feira e levar menino pra parque de diversão.

Por que o senhor não se casou ainda?
Porque só caso por amor.
E o senhor nunca amou?
Amei.
E por que não se casou?
Amei pouco.

Por que o senhor não se casou ainda?
Por ouvir conselho de quem se casou.

Por que o senhor não se casou ainda?
Porque já estou ficando velho.
E por que não se casou quando estava novo?
Era muito novo naquela época.

Por que o senhor não se casou ainda?
Por causa das outras.
Que outras?
Caso com uma? E as outras?

Sosígenes Bittencourt

PITACO ESPORTIVO – Sosígenes Bittencourt.

O Sport pisou na bola contra o América Mineiro. Deveria ter ingressado com todo o quadro titular disponível. Tanto que, só fez um gol quando os melhores vieram do banco para dar maior eficiência ao ataque, porém já era tarde.
O Sport está levando gol no contrapé, porque parte para cima com todo o elenco, deixando a defesa desguarnecida. O sistema já está manjado. Lisca, embora cheio de macaquice, não é tão inocente e aproveitou a vitória, para mangar da torcida rubro-negra presente e demonstrar a raiva que nutre pela passagem que teve, rápida e fracassada, pela Ilha do Retiro.
Sosígenes Bittencourt

ANOITECERES – SOSÍGENES BITTENCOURT.

ANOITECE EM VITÓRIA. Anoiteço em Vitória. Sou figura noturnal, viajante do ocaso, sonhador como o crepúsculo vespertino, morto de saudade como o final. De olhos vendados, conheço o cheiro dos bairros, dos becos, do meio do mato de minha cidade natal. O cheiro de fumaça, de mingau, de chuva. Sou todo olfato e lembrança. Conheço os trejeitos do meu lugar, os cabelos perfumados, os enxerimentos, o flerte e o gozo. Minha cidade é todinha uma mulher. Chamar-se-ia Vitória das Marias, Maria das Vitórias, tal como é.

ANOITECE EM VITÓRIA. Anoiteço em Vitória. Saio para passear, impregnado dos prazeres noturnos, das eras do meu tempo, que me viciam e me saciam. Minha cidade muda todo dia, mas não muda o meu sentimento, o fascínio elaborado pela memória, como quem ama o que odeia e odeia o que ama, num jogo de perde e ganha.

ANOITECE EM VITÓRIA. Sobretudo, anoiteço em Vitória. Enlouqueço em Vitória. Porque ninguém entende o que em nós nem conseguimos explicar. Vitória, meu berço e minha tumba. Minha alma noctívaga vai enredando sua história. O acaso me espreita, a surpresa me seduz, sua bruma, sua luz. Alucinações e desejos, rimas em ‘ina’, adrenalina, serotonina, dopamina. Ah! Vitória, dos meus idos e vindas de menino, minha menina!

SOSÍGENES BITTENCOURT

O TEMPLO E O TEMPO – por Sosígenes Bittencourt.

Dá a impressão de que é um dia de Domingo. A igreja está sozinha, imponente, erguida para o alto. Impossível contemplar o templo sem sentir o tempo.

Foi por trás desta Domus Dei que fiz o meu Curso Primário. Lembro-me até do meu corte de cabelo, camisa engomada e gravatinha pendurada no pescoço. A professora dava aula de tudo, até de boas maneiras. Qualquer erro era denunciado à genitora, qualquer desvio da cartilha moral era um pecado. Era proibido pensar nas tentações da carne por trás da Igreja.

Profa. Luzinete Macedo ensinava o verbo amar, com todo amor do fundo da alma. Era o mais regular dos verbos, o verbo dos verbos, o mais conjugado. Profa. Luzinete Macedo era bonita, bem fardada, impecável. Falava explicado, com ênfase, uma lição de ser humano. Saíamos com sua aula na epiderme, na respiração, embalados pelo seu tom, seu gosto. Cheirávamos as páginas do livro, passávamos a mão na pele das páginas.

Impossível contemplar este templo sem pensar no tempo, sem pensar na vida, no vulto iconográfico de Padre Pita. Impossível não pensar no destino, nos meus idos e vindas de menino. Meu corpo era maneiro, meu sangue fino, desengordurado, desintoxicado, a morte estava longe. Minha infância evolou-se por trás deste templo, para além dos coqueiros, na penumbra da Hora do Ângelus.

Ah! minha vida, nossas vidas, nossos templos, na correnteza fugaz do tempo. Lembra-me a palavra desesperada de Horácio, angustiado com a brevidade da vida: Eheu! fugaces labuntur anni! (Ai de nós! Os anos passam ligeiro!)

Transitório abraço!

Sosígenes Bittencourt

HOMENAGEM NA PIZZA GRILL – por Sosígenes Bittencourt.


Dentre mimos e afagos em homenagem ao Dia dos Professores, saborear um peixe grelhado, com montículo de arroz e purê emperiquitado, nada mais do agrado. A invenção do presente respalda-se na amizade entre Val, da Pizza Grill, e o agraciado. Garçonete montando guarda, à disposição, música de época e ar-condicionado.

Palmas e muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

DEPRESSÃO PASSA – por Sosígenes Bittencourt.

Assim como alegria passa, tristeza também. A depressão é uma tristeza que dura. Dizer, com convicção e firmeza, que depressa passa é o primeiro remédio que deve ser oferecido ao deprimido, aquele que está acometido de profunda e duradoura tristeza. Antes mesmo da consulta médica, antes do primeiro medicamento prescrito pelo médico.
Há trevas que requerem luz interior. O que diz, Lucas 11:34? Os olhos são a candeia do corpo. Quando os seus olhos forem bons, igualmente todo o seu corpo estará cheio de luz.
É preciso auscultar a tristeza, ouvi-la dentro de si, para fazer boa leitura da realidade. Às vezes, um mal que se percebe, pode ser o início de um bem a ser percebido.
Pense nisso e confiante abraço!
Sosígenes Bittencourt

ELEIÇÃO DE MAYCO EM SOLIDÃO – por Sosígenes Bittencourt.

Em Solidão, no Sertão Pernambucano, o único e solitário candidato a prefeito foi, obviamente, eleito. Contudo, Mayco da Farmácia não esteve tão solitário, posto que contou com o apoio do então prefeito Djalma da Padaria e de Antônio do Bujão, cheio de gás e oração. Portanto, o escolhido, filho de Afogados da Ingazeira, Mayco da Farmácia, ganhar eleição, livre de toda conturbação e tédio, era um caso sem remédio.

Sosígenes Bittencourt

 

A MENTE E O CORAÇÃO – por Sosígenes Bittencourt

Se você sentir uma pontada no coração, preste atenção. Ele deve estar desapontado com o que você está pensando.

Pensar é muito rápido, por isso você deve parar para pensar no que está pensando.

O coração não ama, ele é o termômetro do amor. A mente é que ama. Ódio e inveja são lixos mentais, seja gari de suas emoções, higienizando sua mente.

Pense nisso e vá ser feliz. Infeliz do homem que trabalha, durante a semana, para ser feliz no domingo. Felicidade não tem hora marcada. Felicidade é agora.

Sosígenes Bittencourt

PENSANDO NA VIDA – por Sosígenes Bittencourt.

Dinheiro muito, eu tenho pouco, mas dinheiro pouco, eu tenho demais. Eu nunca me casei na minha vida. Namorei tanto que caiu meu cabelo todinho e não tive coragem de me casar. Sou um covarde matrimonial.
Não me caso com mulher sem vergonha para não me aperrear, não me caso com mulher decente para não aperreá-la. Também não me casei ainda por causa das outras. Quer dizer, caso com uma? E as outras?
Quanto à saúde, a culpa é do tempo, não tem organismo que aguente. Há duas coisas incompreensíveis na vida: nascer sem pedir e morrer sem querer. Contudo, bulhufas para a morte. Eu não posso passar a vida inteira me preocupando com aquilo que só irá acontecer uma vez na vida. Afinal, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.
(22 de Maio de 2006)
Sosígenes Bittencourt

EU TIVE UMA NAMORADA EM CARUARU – por Sosígenes Bittencourt.

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e barba
Isso foi na década de 70. Eu era adolescente e achei de me engraçar de uma menina lá em Caruaru. Todo domingo, eu ia passear na pátria de Vitalino. Pulava da cama cedo, me enfatiotava todinho e ia pra BR, pegar ônibus. Os ônibus apostavam carreira. Tinha da São Geraldo, Progresso – parece que da Jotude – e Caruaruense.
Eu viajava com a cabeça na janela para ver a paisagem. A ventania ficava fazendo uma zoadinha no ouvido. Seguia pensando na vida, imaginando o futuro, no horário da esperança. Não sei por que, mas associo a aurora ao porvir. Já minha avó Celina dizia que a noite era a hora da saudade. Sei lá…
A princípio, eu ia assistir a filmes no Cine Santa Rosa e Irmãos Maciel. O Cine Santa Rosa ficava na pracinha, como quem ia para o Bairro do Salgado. Um dia, passou Dr. Jivago, com Omar Sharif e Julie Christie, um filme americano de 1965. O pessoal do meu tempo deve se lembrar. Eu comprava uma carteira de Continental, sentava na avenida e pedia uma cerveja Antártica Paulista. Pedia Brahma Chopp também. Parecia um hominho.
Foi quando, passeando pela Feira de Caruaru, conheci uma vendedora de sandálias, alpercatas, um bocado de coisa de couro. Olhos pretos em moldura amendoada, pele morena afogueada, feito um cavalo alazão. Era todinha um chocolate. Nem parecia gente, parecia uma figura de livro, de romance, de literatura. Ou qualquer coisa que só aparece em sonho. Os cabelos batiam na cintura, e a boca tinha um eterno frescor de chiclete Ping-Pong. Eu ficava o dia todo peruando pra namorar com ela. Um dia, a gente namorou numa esquina lá na Caruá. E eu terminei dormindo na Princesa do Agreste, inalando aquele cheirinho de travesseiro de marcela que tem pr’aquelas bandas. Chega dava sono. A morena era boazinha que era danada, toda silenciosa, andava devagar e ria baixinho. Os olhos é que eram tagarelas. Dava vontade de comer um pedaço, embora, naquele tempo, a gente namorasse de roupa, era proibido namorar nu. Eu ficava tão contente que botava pra contar história. Dava um pigarro e enfeitava a conversa. Meus colegas diziam que eu estava mentindo. Minha mãe também pensava que eu mentia. Um dia, descobriu que era poesia.
Adolescente abraço!
Sosígenes Bittencourt

Na ARENA JB – por Sosígenes Bittencourt.

O homem é escravo do bom tratamento. Houvesse senzala, teria adormecido por lá.
Não foi o preço da despesa, foi o valor do tratamento, da homenagem improvisada, depois que cochicharam minha chegada.

Até a natureza foi cúmplice do luxo e beleza, inspirando com seu ar refrigerado, pra sugerir mais riqueza.

Belas e educadíssimas meninas, treinadas para despertar o apetite do cliente mais exigente.

Cupim Prensado, com Arroz ao Queijo, Batata Frita, Farofa e Caldo de Camarão, Bhrama Chopp ao alcance da mão.

O maitre, fruto de Pirituba, terminou por me oferecer espumejante coquetel de kiwi, confeccionado na gastronomia da casa.

Conjunto de Forró, executando cardápio musical, tipo pé de serra, xote, xaxado, e eu, chegado a xenhenhém.

Depois de recitar o meu nome, a cantora – canora que nem um passarinho – fugiu do palco e veio pousar a minha mesa, ruflando carinho.

Palmas e muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

DATENA x PLABLO MARÇAL ou BAIXARIA ELEITORAL – por Sosígenes Bittencourt.

Pablo Marçal desce de sua glória financeira e espiritual, ao insultar a exagerada vaidade das vaidades de José Luiz Datena, e levar cadeirada no cangaço.
Coisa da prática política nacional, baixaria eleitoreira eleitoral.
Datena é um pavão, metido a brabo, não iria admitir ser esculhambado. Pablo Marçal é um inteligente imprudente, diz que aqueles que não saíram da linha de pobreza são vagabundos, prejudiciais à sociedade, e quer se eleger prefeito de São Paulo.
Acusado de enxerimento a funcionária da Bandeirantes, Datena, pouco antenado, deu bandeira ao Diabo. Esqueceu que, no Brasil, apesar da sacanagem generalizada, até lisonja, na hora errada, vira desonra, tudo redunda em estupro.
Enfim, se quiserem permanecer fuçando o poder, terão de subir ao pódio da disputa, para se perdoarem, e todo mundo ver.
Avacalhado abraço!
Sosígenes Bittencourt

ENGAIOLADOS POR DROGAR MACACOS – por Sosígenes Bittencourt.

Macacos me mordam se alguém já viu macaco triste. O homem manga do macaco, o macaco não manga do homem. Uma vez macaco, jamais homem, o homem é que virá lobisomem.

Contam que Charles Darwin não dizia que o homem veio do macaco, mas do mesmo animal que gerou a ambos. Portanto, não é o macaco que tem que pagar pelos distúrbios psicossomáticos dos humanos. Daí, a prisão dos enxeridos, que drogaram os animais, a despeito de acalmá-los, para negociá-los.

Macacos são animais dóceis e contentes, que despertam curiosidade e alegria aos humanos, não são perversos como os desumanos.

Sosígenes Bittencourt

MIMOSA PUDICA – por Sosígenes Bittencourt.


Há mulheres que podem ser comparadas a determinadas flores.
Aliás, toda mulher tem algo de flor, algo de espinho.

Por exemplo, quem não conhece uma mulher ultrassensível ou de sensibilidade muito aflorada? Daquelas que se perfumam, querendo ser uma flor, muito frescas e agradáveis, mas precisam ser mimadas.

Embora brotem em qualquer terreno amorosamente cultivado, ficam amuadas com facilidade. Sendo toda “não me toque”, recolhem-se aos aposentos, afundando-se no travesseiro, seu fiel conselheiro.

Pois bem, por causa de um sonho, nada melhor do que ofertar a mulher tão sensível esta bela Dormideira.

Sosígenes Bittencourt

7 DE SETEMBRO – por Sosígenes Bittencourt.

7 DE SETEMBRO
(Bacharel Mário Bezerra da Silva)
Isso foi no tempo de Coca-Cola à base de noz de cola, acondicionada em garrafa de vidro. Hoje, toma-se xarope gaseificado em ampola de alumínio.
Uma noite, eu presenciei a banda do Colégio 3 de Agosto executar a Marcha para a Cavalaria Ligeira, de Franz von Suppé, em frente à Igreja do Rosário dos Pretos. Um espetáculo!
Mário Bezerra me deu uma aula, no primeiro andar, sobre Análise Sintática, que nunca mais esqueci a diferença entre Sujeito e Predicado.
Reminiscente e patriótico abraço!
Sosígenes Bittencourt