Noite meiga de Natal!
Quanta esperança anda a fluz,
quanta alegria ideal
e no amor meu quanta luz!
A lapinha de Belém
doce mística criando
na vida um bem quem não tem
a hora das crenças florando?!
Dos céus bênçãos vêm caindo
pelo Natal de Jesus
na alma da gente se abrindo,
vai a paz a que faz jus.
Repica festivo o sino
convidando para a Missa
na voz do bronze o destino
ao coração enfeitiça.
Cantos a bombo e pandeiro
e flores para leilão.
Garotas sem paradeiro.
E em cada olhar uma afeição.
Um galo canta, de longe,
para fazer emoção,
O passado como um monje,
enche-me, agora, a visão.
Meus doze anos, sem maldade,
e sem querer a ninguém!
Natal de minha saudade
quanto te quero também!
Natal é festa de amor
no presépio estão hosanas.
Toda esperança anda em flor
Mesmo nas almas magnânimas.
Guri, rapaz, homem feito,
com camaradas ou não,
a noite Santa do Eleito,
é noite de encantação.
Meu amor hoje é mais puro,
e meu coração somente
vive engolfado no auguro
desse amor seu, inocente.
José Tiago de Miranda, vitoriense, nascido a 9 de junho de 1891 e faleceu a 29 de maio de 1960. Foi professor primário na Vitória, em Moreno e em Limoeiro, exercendo, em todas as cidades, o jornalismo. Foi proprietário e diretor de O LIDADOR a partir de 1932 até sua morte. Cronista, poeta e jornalista de alto valor. Seus filhos (Ceres, Péricles e Lígia) reúnem em volume muitas de suas crônicas e poesias, em livro “Antologia em Prosa e Verso”, comemorando o centenário de seu nascimento, aos 9 de junho de 1991. Do casamento, com D. Herundina Cavalcanti de Miranda, houve ainda um filho, Homero, falecido logo após a morte do Prof. Miranda.