Momento Cultural: SÓ EXPLORAM O PIOR – por Heitor Luiz Carneiro Acioli.

Coitadas das mulheres que são violentadas, desvalorizadas e descartadas de todas as formas possíveis, desde a falta de reconhecimento até a exposição em concursos de beleza. O concurso garota fantástico que tentava encontrar a garota “mais bonita do Brasil”, se vocês acham que isso é tudo sobre as mulheres, estão completamente enganados, pois as mulheres devem ser vistas pela beleza interior, mesmo porque concursos de beleza das mulheres só exploram o pior.

(Meu jeito em Versos e Prosas – Heitor Luiz Carneiro Acioli – pág. 02).

Momento Cultural: A Carta – Stephem Beltrão.

Sobre a folha branca
A caneta voa de leve e escreve
Apenas o seu adorado nome.
Deito-me, desligo o abajur
Durmo e sonho com você.

A carta que não escrevi
Chegou ao seu destino
Lançou-se nas autopistas dos sonhos
Do meu amor ingênuo e divino.

Por que fiz essa loucura?
Será que ela desvendou meu segredo?
Anseio que ao acordar
Ela me olhe com desejo.

Momento Cultural: OLHOS AZUIS – Por Rejane Dutra Santos

Olhos azuis que olham pra mim, com tanta pureza.
Que brilham, como um brilhante,
cheios de alegria e de vida.
Você menina dos meus olhos.
Você vida da minha vida.
Ser do meu ser.

De olhos azuis, tão ternos e tão meigos.
Posso até compará-los com a beleza do céu ou do mar.
Você minha filha, ainda um bebê,
que fala comigo, numa linguagem sem som, apenas com brilho.

O brilho dos seus olhos.
Anjo de pureza, reflexo de amor.
Meu belo bebê, minha pequenina filha,
Meu anjo, minha alegria.

Rejane Dutra Santos

Momento Cultural: Amar – por João do Livramento.

Não afirme o que é o amor

Nada diga e nada fale

Se você ainda vive

É melhor então que cale

Se está vivo não sentiu

O perfume da ilusão

Embebido no amor

Exalado na paixão

A quem indaga o que é o amor

Não preciso responder

Mostro apenas uma flor

Todas nascem pra morrer

Ah, essa morte é enganadora

E de amor tem apelido

Cabelos longos, corpo belo

Escondido num vestido

Me enganou o coração

Me enganou o pensamento

Quando achei que estava vivo

Já morrera há muito tempo

Mas se nascesse novamente

Ao início eu voltaria

Sem amor não sei viver

E assim amando morreria.

João do Livramento.

Momento Cultural: Lenda – por Corina de Holanda.

Contam que a Virgem Maria

Que é Deus a jardineira,

Planejou no céu, um dia,

Uma festa brasileira

Na celestial floreira

Já muitas flores havia…

Porém, a Virgem, queria

Por mais uma… E a maneira,

Foi dizer para os Arcanjos:

“Mandem à terra dois anjos.

Mas, quero flor sem espinho”.

Então dois Anjos desceram,

E entre os jasmins escolheram

E levaram – Socôrrinho.

1970

(Entre o Céu e a Terra – Corina de Holanda – pág. 44).

Momento Cultural: OLHOS BIZARROS – por Teixeira de Albuquerque.

Olhos de feiticeira, olhos de graça,
olhos encomendados no Japão,
olhos de grilo, de mulher brejeira,
olhos de luz, de sombra, de ilusão.

Olhos de sol, de sol ou de fogueira?
olhos de rosa, de interrogação
olhos de urtiga, olhos de laranjeira,
olhos de queimar cheios de emoção.

Os meus sonhos, em vós, cantam a Gueixa
e pensam em compor uma sonata
cheia de amor, de idílios e de queixa

De vossa dona que é a vossa nata,
– deixa-me repousar um pouco, deixa,
à sombra dessa, pálpebra que mata.

“O LIDADOR” 29.V.1926

José Teixeira de Albuquerque, nasceu na fazenda Porteiras, Vitória de Santo Antão aos 23 de agosto de 1892. Seus pais: Luiz Antonio de Albuquerque e Dontila Teixeira de Albuquerque. Estudou medicina na Faculdade da Bahia, porém desistiu do estudo no 3º ano. Casou em segundas núpcias com a conterrânea Marta de Holanda, também poetisa e escritora. Publicou o livro de versos MINHA CASTÁLIA e colaborou em várias revistas e jornais; tanto da Vitória como do Recife. Foi funcionário do Arquivo da Diretoria das Obras Públicas do Estado,com competência e zelo. Faleceu no Recife, no dia 2 de outubro de 1948. Não deixou filhos. Sua morte foi muito sentida entre os intelectuais, que não se cansaram de elogiar sua prosa e seus versos.

Momento Cultural: Meu pecado – Henrique de Holanda.

Eu não posso saber qual o pecado
que, irrefletido, cometi; suponho
seja, talvez, porque te fosse dado
meu coração, – a essência do meu sonho..

Se amar é crime, eu vou ser condenado
e toda culpa, em tuas mãos, eu ponho.
– Quem já te pode ver sem ter amado?!…
Quanto é lindo o pecado a que me exponho!

Se tens alma e tens sangue, como eu tenho;
se acreditas em Deus, dizer-te venho,
– Que pecas, tens amor, és sonhadora…

Deus deu a todos coração igual.
Se eu amo, sofres desse mesmo mal.
– O teu pecado é o meu, – és pecadora!

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 22).

Fim de Semana Cultural: O Casulo (Poesia) Por Rosângela Martins.

O meu casulo é como um ventre:
Lar, descanso, refúgio, parada.
Não há dor ou maldade que entre.
Tranqüilo, seguro, minha morada.

E, feito uma borboleta, sinto-me em formação.
Cada som, cada odor, parece me chamar
Aguça meus sentidos, minha imaginação…
Desperta em mim o desejo de voar.

Mas minhas asas são delicadas e pequenas
E meu vôo é rasante e bem curto
Mesmo sendo eu consciente e serena
A minha vontade é apenas um surto.

Porque os cordões ainda estão amarrados.
Nas teias emboladas e grudentas me prendo.
Meus planos e sonhos, abandonados
Levados pela correnteza a qual me rendo.

Rosângela Martins é Poeta vitoriense.

Momento Cultural: Bodas de Ouro – por Corina de Holanda.

(De José Bonifácio e Maria José de Holanda).

Garimpeiros do amor

Por ti abençoado,

Te ofertamos, Senhor,

O ouro acrisolado

Colhido na jornada…

(A prata já foi dada)

Nós te damos também,

Gemas de excelsos brilhos,

Para nós, – Nossos Filhos!

Abençoa-os, Senhor!

São todo o nosso bem,

Frutos do nosso amor.

(Entre o céu e a Terra – 1972 – Corina de Holanda – pág. 60).

Momento Cultural: LEI DE PERIODICIDADE OU CICLOS – por MELCHISEDEC

É a Lei que regula a sucessão periódica na manifestação cósmica e os grandes ciclos da vida, da morte dos átomos, dos astros e dos seres. É ela que faz o movimento de pulsação da Natureza e a respiração universal. Foi através da observação dos períodos onde determinados acontecimentos sempre se repetem, que começaram partindo de uma rotação infinitamente grande, efetuando assim sua revolução em torno de se mesmo e dentro de outra.

Os ciclos perpétuos de tempo recomeçam constantemente de modo periódico e inteligente no espaço e na eternidade. Há ciclos de matéria e há ciclos de evolução espiritual, e há também ciclos de raças, de nações e de indivíduos. Há um objetivo em cada ato importante da Natureza e todos os seus atos são cíclicos e periódicos. Assim é que observamos na história uma alteração regular de fluxo e refluxo na maré do progresso humano. Os grandes reinos e impérios deste mundo, depois de atingirem o ponto culminante do seu desenvolvimento, passam a descer, de acordo com a mesma Lei que os fez subir, até que, tendo chegado ao ponto inferior, a humanidade novamente se afirma e sobe outra vez, para alcançar, graças a essa Lei de progresso ascendente, uma altura maior que aquela, cujo ponto onde havia anteriormente descido. Mas, esses ciclos-rodas que se engrenam em outras rodas não incluem de uma só vez e ao mesmo tempo toda a humanidade.

O grande ciclo abrange o progresso da humanidade desde o aparecimento do homem primordial de forma etérea até a libertação do homem da matéria que o envolve, prosseguindo no seu curso ascendente, para recolher-se ao atingir o ponto culminante da Ronda.

Os grandes ciclos de raças, que incluem por igual todas as nações e tribos pertencentes àquela raça especial, mas, dentro deles há ciclos menores de nação e povo, que seguem seu próprio curso sem dependerem uns dos outros.

(VERDADES FUNDAMENTAIS – MELCHISEDEC – pág. 10 e 11).

MOMENTO CULTURAL: CONTRADIÇÃO – por Aluísio José de Vasconcelos Xavier.

Na cidade, a iluminação frenética
do Salvador, a chegada anunciava
e contrastando com tal paisagem estética
na calçada um pobre negro agonizava.

Era a figura doente de uma criança
filha de um erro, fruto de um pecado
e nos olhos tristes de seu corpo nu, gelado
não se via nenhum fio de esperança.

Aproxima-se dele um maltrapilho.
Toma-o nos braços como a um filho
retirando-o daquele leito de cimento.

Meia-noite, então, anuncia o sino.
E nesta hora exata do Nascimento
morreu, à míngua, mais um Jesus-Menino.

Aluísio José de Vasconcelos Xavier

Fim de Semana Cultural: Só… (poesia) – Por Júlio Siqueira.

Sou, apenas, UM no meio da multidão.
UM.
Apenas um
ser que se perde no borborinho da cidade,
em meio às pessoas que passam em velocidade
no vaivém de um mundo louco
e que se estiola pouco a pouco!…
Ó!…
Como é triste ser, apenas, um!
UM!…
Um ser que vive, tão só a sua vida,
sem participação,
sem outro coração
que divida sua dor ou alegria
nesse mundo tão cheio de magia!…
Como é triste ser só!
Ó Cristo
Dá-me força para saber ser só,
e ter consciência que existo.
Que sou, apenas, UM
em meio a multidão!
Todos passam indiferentes…

Júlio Siqueira foi escritor e poeta vitoriense.

Momento Cultural: A Carta – Stephem Beltrão.

Sobre a folha branca
A caneta voa de leve e escreve
Apenas o seu adorado nome.
Deito-me, desligo o abajur
Durmo e sonho com você.

A carta que não escrevi
Chegou ao seu destino
Lançou-se nas autopistas dos sonhos
Do meu amor ingênuo e divino.

Por que fiz essa loucura?
Será que ela desvendou meu segredo?
Anseio que ao acordar
Ela me olhe com desejo.

Stephem Beltrão

Momento Cultural: EXCENTRICAMENTEPORÂNEA – por ADJANE COSTA DUTRA

Excentricamenteporânea na minha cosmovisão.
Na linhas retilíneas da minha cosmovisão, amplidão…
Volver, revolver, parar sempre no mesmo caminho…
Excentricamenteporânea…
Não sei, se meu universo é um verso, ou e o verso é
o próprio universo…
Hoje estou assim perdida, mergulhando num universo sem
verso, na minha cosmovisão, execntricamenteporânea…

(TAPETE CÓSMICO – ADJANE COSTA DUTRA – 1995 – pág. 20)

Momento Cultural: Vitória de Santo Antão – Da Geografia – por Darlan Delage.

Ondulada, um Caos de formas, deformada…
Grama de esverdeada secura, porém bela
Terra potente de belas gramíneas aéreas.
Fertilizada por passagens de águas juninas.

Nessa terra onde o massapê é mais extenso,
Nasceu d’um parto genérico outras especies
que hoje dispersa-se de sua mãe, desapropriadas
aqui, a terra é farta, em vegetações bem aproveitada.

(inacabado)

Darlan Delage – Poeta vitoriense.

Momento Cultural: Pátria Amada – por João do Livramento.

Desde o grito do Ipiranga

Tua perfídia é absurda

Não ouvistes nosso brado

Oh pátria minha estais surda

O sol não brilha nesse instante

Absoluta é a escuridão

Povo heroico vive a margem

Desprezado da nação

Nosso hino brasileiro

É a mais bela poesia

Mas pra dizer que és mãe gentil

Tenho que usar de hipocrisia

A teus risonhos e impávidos

Corruptos e corruptores

Alimentas “no teu seio”

Com mais ternura

Com “mais amores”

Pois que este brado seja agora

Clava forte e retumbante

Um grito grave

E que de tua liberdade

Sem igualdade

Ó pátria amada

Nos salve! Salve!

 

João do Livramento.

Momento Cultural: SAUDADE APAIXONANTE – por Heitor Luiz Carneiro Acioli.

Que tempo bom foi o que passou quando estava sempre ao seu lado você ao meu. Quando éramos unidos até o fim da nossa chama de amor, a qual nem após nossa morte se apagaria. Mas, isso só até aquele 15 de março, quando discutimos e terminamos. Entretanto, minha querida, nunca me esqueci de você nem dos maravilhosos momentos que passamos juntos e é por isso que quanto mais saudade eu sinto mais a quero e para você, este texto escrevi devido a saudade apaixonante.

(Meu Jeito – em Versos e Prosas – Heitor Luiz Carneiro Acioli – pág. 01)